terça-feira, 19 de agosto de 2008


A solidão de Jade Vermelho (Escrito Chinês)


A Casa foi ficando deserta,
a familia estava morrendo

Jade Vermelho deixava que os primos
e sobrinhos,
viessem apanhar os objetos de muitas
gerações
Seu noivo, morrera dias antes do casamento,
e por isso, em respeito à sua alma,
Jade Vermelho, nunca se casou.

Um vaso de porcelana, com alças de prata,
relíquia imperial, tinha seu lugar de honra
na mesinha de laca vermelha.
- Foi tudo que restou - pensava Jade Vermelho.

Um chamado no portão do jardim,
fez com que Jade Vermelho,
fôsse até o portão, com seus pequenos pés,
em sapatinhos de seda vermelha.

Era um comprador de objetos antigos:

um senhor de uns cinquenta anos,
barba branca comprida, dividida em dois rabichos,
que caiam sobre um casaco azul celeste, alcochoado.
- Nada tenho para vender, senhor.
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- Está só na casa? Perguntou ele.
- Uma antiga ama me acompanha - porque pergunta isso?
- Por ter a senhora mesma vindo até o portão.
- Fiquei viuva antes de casar, por isso assumi o controle
da casa.

A Lua Cheia acabara de sair e iluminava o jardim.
- Posso lhe oferecer uma taça de chá, perfumado com jasmim?
- Não irá perturba-la?
- Oh, não. Só por curiosidade, desejo mostrar-lhe uma reliquia.
Entraram, naquela casa perfumada com folhas secas,
guardadas em caixas de madeira de cânfora.

Na sala forrada com tapete vermelho, foram servidos de chá,
pela antiga ama.

O comprador ficou deslumbrado com o jarro de porcelana branca,
com alças de prata - mas, ele não estava à venda - o que foi
negociado, foi a solidão triste de Jade Vermelho, que o comprador
de objetos de arte, suplicou para contemplar outra vez e poder
oferecer o preço de sua Alma àquele pavilhão espiritual vazio de
Amor.

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