quinta-feira, 30 de agosto de 2007


Escamas de Dinossauro


Deinos, o Grande, o Terrivel, via as labaredas do Vulcão
alcança-lo, pouco a pouco

Exalações de enxofre, sufocavam o Dinossauro...

A fumaça negra, sombreava o Sol e aquele canto sobre
o planeta Terra, fazia parte da Alquimia da Monada, da
qual algumas potencias poderosíssimas iriam rolar
pelo Espaço aompanhando-a no Futuro em vidas pequenas
e humildes, e maiores nas magias dos Templos das
sacerdotisas.

As escamas do dinossauro estavam presas aos seus pés,
fazendo-a gritar pelo Fogo da Vida, maior até que as labaredas
do Vulcão, pois o Fogo da Vida, da Fada Sensual, era o Segredo
da Possibilidade da Existencia.

Quando as Lavas se transformassem em terra, brotariam as
flores belas e perfumadas.

O enxofre do Vulcão e os odores das carnes queimadas dos
grandes animais, eram destruidos pelo aroma do incenso
nos Templos

A Alquimia do Universo alimentava uma mônada - como saido
das Águas Primordiais, o Espirito se manifestava incerto,
amparado pelo equilibrio de todos os lados do Mundo, ele
deixaria a Alma peregrinar pela Vida, até sua ascenção Divina
no Reconhecimento da Criação.

terça-feira, 28 de agosto de 2007


OS SETE VEUS


Os Desertos foram criados para
a sensualidade das mulheres

Porque os Desertos são quentes...
Inabitados...
Têm a doçura das tamareiras,
como o calor das dobras da carne
de uma dançarina, com seu cheiro
perfumado pelos odores do Oriente

A Dança dos Sete Veus
é a carne desaparecendo
na fímbria do horizonte de areia
Para o Espirito
que vem abraçar a Alma

O amor puro e romantico da donzela
será desmanchado pelo vento
que soprará dias e dias sobre
a areia do nada e do sem fim

Mas a Dança da Iniciação
A Dança dos Sete Veus
Eternizará o debater do homem
Entre a Luz e o Pecado

Como a existencia das Galaxias

A Metafisica não tem extremos, pois é Infinita.
Nós não temos extremos na metafisica.
Nosso olhar não alcança o Infinito.
O pouco que conseguimos notar em nós mesmos,
mais adiante, será revisto "de outra forma".
É sempre um movimento revolto de uma galáxia
o que nos transforma para outro movimento e para
outra galáxia

segunda-feira, 27 de agosto de 2007


A Casa de Lua Nova

Lua Nova morava sozinha.
Seus parentes residiam em outros estados.
Por isso, preocupada com a solidão, Lua Nova resolveu abandonar
sua casa e ir morar com os parentes.
As plantas em vasos, retirou-as e deixou-as sobre
os canteiros no jardim - para se fixarem e não dependenrem dos
cuidados humanos.
Lua Nova pegou um saco de viagem, enfiou nele os pertences neces-
sarios e partiu dos arredores de Pquim, para uma longa viagem.

Foram onibus pelas estradas, caminhões, carroças, carros...
uma barulheira infernal a qual ela não estava acostumada.

Para pegar outro onibus, Lua Nova guardou sua mochila numa estação
e foi passear pelo lugarejo.
Encontrou um Templo Budista.
Ali, se achou no silencio a que estava acostumada.
A serenidade da fiionomia do Grande Buda de Pedra, parecia lhe transmitir
alguma coisa.
- Essência Unica ou Unidade, pensou.
A Atmosfera da Essencia Unica permanece;
como uma matriz feminina, ela tem tudo para a vida de um feto.
E nós a abandonamos, para gritar por ar para respirar e chorar de fome
para comer.
A penetração da Essencia Unica em Lua Nova foi tão real, que ela até a
noite, não sentiu fome e...
... voltou para sua casinha abandonada.
Chegou com o céu escuro, pois era Lua Nova.
A porta de madeira vermelha parecia ter sido arrombada - mas não o fora
totalmente - Lua Nova penetrou no ambiente que tinha seu cheiro, seus
sonhos abandonados, e um lastro de viver que se perdia no Universo...
Aqui na Terra, nada havia para ela, a mulher solitaria, cuja solidão era um
Livro Indecifravel, mas absurdamente compreensivel num céu escuro
onde a Lua que viria tinha o mesmo luar da escuridão.

sábado, 25 de agosto de 2007

O Macho

Amanhecia um Sol fraco
sobre a terra úmida
A grama cobria um chão escuro,
coberto de teias de aranha
como renda de uma fada elemental

Sobre o barranco em frente
aos casebres de adobe
ele surgiu,
tendo o Sol às suas costas,
que se elevava no céu

O Macho
com sua carne morena e rigida
exalando desde suas virilhas
o odor de suor
e água do poço
que trazia o perfume da terra.

A indiana cansada
das danças do Templo,
o contemplou como a um deus
que iria lhe dar
o poder do dia
no amor que enrolaria em si
a potencia do Mundo
para sempre

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

DIA DE VENTO


O vento que sopra no dia quente de Sol abrazador,
penetra pelos corredores dos Templos Hindús:
faz dançar a fumaça dos defumadores - e não mexe
com o Fogo, pois na India do Sul, principalmente,
não são acendidas velas nos Templo, mas sim, torrões
de canfora inflamavel.
As antigas Devadases equilibravam sua energia com a
dança - a batida dos pés nos chãos de pedra, acompa-
nhada no ritmo pelos mudras, o movimento dos olhos
e o deslocar do pescoço, fazendo-o dançar para os
lados, num dominio completo de toda a ossatura.
Era importante que toda matéria humana estivesse
embalada pelo vento, como estavam as folhas, poeira,
odores, as gotas de suor, a respiração opressa...
A Devadase dançava sorrindo... porque a Energia é
clara e fecundante, orgasmo da Vida...
Lá em cima, no Norte da India, o vento soprava frio,
e os sacerdotes dançavam com máscaras terrificantes...
Os tambores soavam com sinos e sons de vibraçoes
de prata retinindo de choques dos objetos sagrados.
As grandes cornetas, estiradas desde o solo, soltavam
seus lamentos lúgubres...
Os sacerdotes dançavam, com suas mascaras ameaçadoras...
Por incrivel que pareça, essa dança era para despertar o Silencio;
toda ela só tinha um sentido: o Silencio
O Horror fazia recuar o mundo material, o som tinido da prata,
era o espirito desperto; o lamento das longas cornetas, o
sinal de recuo em meio a barulheira dos dançarinos...

O Budista, impávido, imovel na sua conquista pelo centro do
Mundo
Om Mani Padme Hum
O Hinduismo fazendo despencar das brumas da Criação,
o imaterial semen que faz latejar a Vida para a conquista de
Si Mesma
E o Tantrismo no Himalaia
faz a Daquene solicitar ao Budismo
permissão para a
Doçura da Misericordia

Calmaria enganosa


As ondas estão baixas.
A aragem corre sob um céu nublado.
Ontem, quando procurei a Lua Cheia entre os galhos
do jequitibá, ela ja tinha ido embora.
No entanto, essa calmaria chega a parecer ameaçadora -
ha algo oculto como a Treva Envenenada
E minha Alma assombrada,
procura um escape na escuridão.

Os dias voltarão a surgir,
mas, me será permitido toca-los
como esferas iluminadas
ao comando da Deusa Aurora,
Deusa de tantas mitologias?

Guardarei dentro de mim
o combate entre as Trevas e a Luz
Não existe Vitoria na Alma do Universo
Mas o Sorriso do Espirito
permanece no Misterio do Desconhecido

sábado, 18 de agosto de 2007


Ameixas pretas


A pupila dos olhos,
os franceses,
a denominaram bem: prunelle -
- de prune, ameixa, principalmente,
os olhos negros:
- são como ameixas maduras,
brilhantes de lágrimas cristalinas.

Nenhum amante resistiria
ao olhar suplicante de dois
olhos negros...
Por detrás dessas pupilas,
uma vida cujo destino ainda em
sombras,
começava a tatear

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

CONSIDERANDO

Eu estou na rede, na varanda de minha casa.
Ao alto, os urubús voam seu vôo macio sob as nuvens, passando pelos
intervalos de céu azul.
Ha duzentos anos atrás, uma moça pobre, olhava os abutres indianos
no mesmo vôo sobre o Sul da India.
Um sadhu itinerante, que passava por Madurai, vendo a contemplação
da moça no céu, disse-lhe:
- Você não pode reter a paz do vôo das aves; nem transferi-la para o seu
interior - nem manter essa paz numa constante em sua alma.
A vida é mutável.
Descobrir o ponto sereno na constante mutação, zelar pelo ponto
sereno, enriquece-lo com o sopro do Espirito, ampliar o ponto
sereno até faze-lo permanente em sua alma, iluminando as
sombras que sua mente ainda não pode caçar com a rede de sua
evolução, esse é o objetivo da Vida.

A Eternidade sorriu ante o conselho do sadhu para a jovem de baixa
casta.
E nada mudou, no modo como eu contemplava o vôo macio dos urubús
sob as nuvens.

DESERTO

O Deserto é o confronto do homem

Com o homem

Ele, o Deserto, em si mesmo, é a propria

Morte,

Pois ele é o leito de um imenso Oceano –

Algo que passou – o Deserto

É a imensa mascara da morte.

O Deserto foi a arena do combate consigo

Mesmo, dos grandes profetas:

Jesus e João Baptista.

Caminhando em suas grossas areias, amare-

Ladas pelo Sol ardente,

Nossas faces fustigadas pelo pó

Levantado pelo Simum constante,

Noite e Dia, Dia e Noite, sem uma vegetação

Variada que nos trouxesse a

Mudança da vida, de suas horas,

O abandono das amarguras, a

Esperança do advir,

Que nem o correr do rio Nilo com suas margens

De tamareiras

Nos traz a certeza da vida vencida pela sabedoria

E a pureza da resignação

NADA

O Deserto é percorrer, encontrar adiante, o que?

Encontrar sempre a mesma derrota a ser vencida,

A Vitória que só o Espelho do Espirito nos dirá se

Valeu a pena




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Viu-se de repente muito longe no Tibet
Viu-se de repente muito longe,

No Tibet

Lá, onde o Céu imita a palidez das montanhas

Que têm a pele que as cobre enrolada

Constantemente pelo vento,

onde a Lua treme de medo da Solidão,

E uma voz que repercurte entre os parametros

Dos que la habitam e, ao mesmo tempo se encaixa

Num mundo de paredes invisiveis, acompanha

Os pensamentos que nos respondem.

Ecos de nós mesmos, levantamos a cabeça

Porque o Himalaya

É uma grande caveira

Onde a Morte é gloriosa entre tranças

De seda vermelhas

E a mais sublime resposta

Do encanto que é o sussuro do Universo

faz o homem compreender

No Esplendor de si mesmo

O que é governar e ser governado.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

HUMANAMENTE POSSIVEL

Carmenta tinha a cabeça mergulhada entre as mãos.

Estava diante do seu psiquiatra, nas muitas seções que
não conduziam à nada.

- Então a senhora se sente como num cubiculo onde
se fecha um eco - a senhora é como se sempre ouvisse
um segundo som - a senhora é um Eco - sempre o Eco.
E na sua infancia e adolescencia, também era assim?

- Era - mas como nasci assim achei que era uma coisa
natural. Eu conviví a vida inteira muito bem com esse Eco.

- Os seus exames de ressonancia magnetica, não acusam nada. Seu cérebro está perfeito. Nunca teve uma convulsão?

- Não, nada, absolutamente.

- Tem boa memória?

- Tenho.

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Voltando para casa, Carmenta se trancou em seu quarto.
A mãe estava em casa, mas Carmenta queria ficar só - uma
idéia, como nunca, surgira agora em sua mente.
- E se explorasse o Eco?

E o que aconteceu, foi que o Eco se transformou nela mesma
e desapareceu.

Quando ela relaxou a pressão, o Eco reapareceu e a impressão dela própria, ressurgiu.

Daí em diante, seus exercicios continuaram, até que um dia
ela vislumbrou por trás de sua propria imagem um campo
aberto com um cartaz grande de anuncio.

Passado um tempo, folheando uma revista, ela viu o campo
e o cartaz com o anuncio. Era uma cidadezinha de fazendas
e hospedagens e ela resolveu ir lá.

Se hospedou num daqueles sítios, até o dia em que caminhando por uma estradinha, viu vindo em sentido contrário alguém muito parecido com ela mesma.
Ela parou aguardando o que iria acontecer - e não aconteceu
absolutamente nada - a outra desapareceu e Carmenta
se sentiu reconfortada e equilibrada como nunca em sua vida. Começou realmente a viver. A viver como jamais havia
sonhado que pudesse viver.

Passeando agora mais aliviada pela cidadezinha, encontrou
uma senhora, que assim lhe falou:
- Eu tive uma hospede igualzinha à você - não é você, não?
Ela sumiu e nunca mais voltou, deixando seus pertences.

Carmenta sentiu curiosidade em ver os pertences da outra.
A dona da casa, briu uma porta embaixo da escada que
conduzia ao segundo andar e abriu as malas sobre a mesa
da sala de almoço.
O impacto foi grande - Carmenta reconheceu todos aqueles
objetos e os retratos tirados por aquela moça no jardim
da hospedaria, eram a sua propria imagem.

Não teve outro geito senão dar o seu endereço para a dona
dessa hospedaria, no caso da outra voltar.

Ao voltar ao seu quarto naquela tarde, veio-lhe à lembrança
uma briga feia que teve com sua mãe, tão feia, com uma
pessoa com quem ela nunca se dera bem, que Carmenta teve
a sensação de ter-se dividida em duas, desde as fugas
mentais que experimentara na sua infancia e adolescencia.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007


A parte de tua alma eterna em mim


Que importa essa Eternidade
Eternidade minha e tua
se até hoje
os anjos não conseguiram destruir!

Oh! Senhor!
Eu faço parte "da tua alma"
A Eternidade não existiria
se você e eu
não a tivessemos criado;

- Se eu tivesse tido consciencia
de nossa Eternidade,
A Vida não teria se despencado
esfacelada pelo Firmamento.

A Eternidade tem um sabor...
É nossa União, esse sabor
na Eternidade

Oh! Quanto ainda nos espera!

Que não falte ainda muito
na Estrada da Morte
para eu ir ao teu encontro!
N.
EU ESTOU NO MUNDO OU O MUNDO ME ENCONTRA?








O grilos têm um arranhar suave

Na tarde que se esgarça



Para que o manto da noite

Se estire

Como felino só sabe fazer:

Não sentimos a chegada dele.



De repente, a noite está compacta

E tememos que ela se vá,

Como a pantera negra que

Foge para o desconhecido



Me esforço para estar no Mundo

Pois se eu não me segurar,

Posso abandona-lo

De um momento para o outro.



O traiçoeiro Mundo às vezes tenta

Me beijar para me trair

Mas eu recuo,

Tentando colocar a mão sobre a

Pantera negra que sabe sumir



E vem meu fantasma

E me oscula na fronte

E diz:

Agora você sabe onde está

E atravessa meu corpo

Porque sabe que eu perdendo,

Ganhei a partida

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O MISTERIO DA IRMANDADE DE CRETA





Há muito que vendedores de rua e comerciantes

Achavam o grupo esquisito.

No verão, reuniam-se no apartamento do francês,

O rapaz de olhos azuis, e no inverno, ficavam na

Casa do herdeiro do inglez, casa enfiada numa rua

Estreita, que mal dava passagem para um carro.



Costumavam ficar também nos ancoradouros, em

Silencio, observando os barcos e lanchas saírem e

Voltarem, com turistas ou cargas para venderem

Nas praças.



O estranho do grupo, é que, apesar de jovens,

Tendo apenas uns dois deles, mais idosos, assim de

Uns cinqüenta anos, não freqüentavam as mesas

De calçadas, à noite, para beberem e comerem os

Acepipes dos lugares.



............................................



Com relação ao grupo, havia sempre quem pergun-

Tasse, quem seriam, e para que realmente de vez

Em quando se reuniam, naquele lugar.


..........................................



Mas, no apartamento de Jean Pierre, a mesa esta-

Va arrumada para mais uma reunião – canetas e

Papéis sobre a mesa e a espera do contato com o

Ser que os utilizava.

O Ser se apresentava sob aspecto feminino, e dava-

Se sempre o nome de “Aea”.

Há dez anos, freqüentavam Creta, e ainda não tinham

Descoberto o “aspecto” de Aea na Ilha.

Vários aspectos de Aea tinham povoado diversos

Países, como Egito, Grécia, Índia, Tibet, China,

Peru, Brasil.

Os aspectos foram princesas, sacerdotisas, mulheres

Devassas que brincaram com o Tantra, aleijada,

Personalidade de domínio de área, que utilizava

Comando de organização, perdão e vingança.

Cada vez que Aea escolhia um dos rapazes para uma

Obra de Ocultismo,

o membro escolhido atravessava

Um período de grande sorte e prosperidade – e por

Isso faziam o possível para merecerem a escolha de

Aea.

Aea foi revelada por um deles, antigo freqüentador

De Lojas que lidavam com o ocultismo.

Aea era indefinida.

Sua vibração era feminina.

Mas Aea, antiga semi-deusa de Planautos Divinos,

Posição conseguida por seu desempenho na Terra

Em Templos famosos, ainda tinha presa sua líber-

Tacão para se sentar à Direita do Poder Pátreo

Universal, por manchas desgarradas de sua atua-

Cão no Governo Cósmico da Terra.

........................................................

A Lua crescente já era avistada por uma das Jane-

Lãs daquela sala, átrio de um Templo imaginado.



Também a avistou, uma turista de trinta e poucos

Anos, feia, desiludida de amores traiçoeiros, re-

Pleta de dor moral, dor física, ânsia espiritual

Para gritar ao Desvendado, que ela descobrira o

Seu Segredo!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007


SAUDADE


Os que encorajam os que
estão saudosos e tristes
Apresentando mil coisas do mundo
para erguerem os que estão
saudosos e tristes,
Saibam que há uma Saudade
que não tem paralelos
no mundo
Nem nada que se lhe compare...

É a Saudade da nossa perfeição

As vezes, o Universo inteiro
não tem o que possa aliviar
essa Tristeza

É novidade em Deus,
e como Deus é Infinito,
para nossa Saudade,
Deus tem coisas que só Ele
conhece
porque essa Saudade
é revirar nosso Espirito pelo avesso
e só Deus sabe
como desfazer e porque desfazer
a face satisfeita e irreal de tudo

ECOS FELIZES DOS DEUSES EM NÓS

A contemplação sem a mácula da tristeza,
preserva a corola do crisantemo

As flores miudas
não puderam competir
com a minha flor escolhida

O azul celeste
faz parte de nossa Alma

E o ouro sobre a laca vermelha
transforma a Vida
num mar escaldante de Alegria

A sensibilidade
perturba os deuses
que nos colocam
no rendilhado do sândalo
das varetas do Leque da Sabedoria

e ergamos uma taça de vinho
à Lua Cheia
porque a Paz de nossa Alma
tomou todo o Universo!

domingo, 12 de agosto de 2007


O SEGREDO EGÍPCIO
Maat, a Verdade Egípcia, era representada
Por duas penas da cauda de uma ave
Que tinha duas penas maiores na cauda –
Infalivelmente.
Bastava uma pena na cabeça de uma
Figura, para se saber que era uma deusa
Ou um deus.
Não se adora a Verdade.
Ela, a Verdade é árida e sem atributos.
A Verdade, se tiver atributos, não é Verdade.
O Egípcio, vivia em prol da Verdade.
O Faraó, ao despertar pela manhã, fazia

Uma reverencia diante de Maat –

Maat era a revelação absoluta – e nada

Mais era considerável no Egito que não

Tivesse o cunho de Maat.



O egípcio não era místico, nem amoroso

Para com seus deuses.

Pois todos eles tinham a verdade de Maat.

Essa devoção filosófica, tida como religião

Egípcia, tinha a seus pés a aridez do deserto,

O vento que rodava a areia para um nada

- oceano de todos os mistérios, para todas as

rotas, A Gruta do Universo da Verdade

Inalcançável do Homem.

sábado, 11 de agosto de 2007


O CORVO E O COMEÇO DE UMA ESTRADA




Onde o Rio Reno faz uma curva.

Num monumento sobre a Floresta, a estátua de Germania

Observa o rochedo vazio da presença da ninfa Loreley.

O Reno não muito largo, mas navegável por navios, desliza

No seu mistério até hoje indecifrável, deixando somente o

Marulhar de suas águas correr para a fenda do Céu de Odin,

Protegendo em suas entranhas o povo de Nibelung.

Eu estava hospedada perto dalí, em Francfurt, e fora pas-

Sear com as amigas alemãs Betty, Traute e Ingrid.

Não me cansava de olhar admirada a estátua de Germania,

Alta, imperiosa, porque essa estátua em um medalhão doura-

Do ornamentava um livro alemão de 5kg, que eu herdara de

Um avô. Nem eu mesma imaginava a emoção de se consta-

Tar que algo de criança existia, era verídico!

Voltamos aos nossos lares pela floresta, passeando no

Automóvel, pela margem do Reno.

Foi então que eu o ví! O corvo!

Chovera naqueles dias e o pássaro negro, sonho dos meus

Sonhos numa terra onde ele não existia, seguia empolei-

Rado num monte de galhos e sarças, levado rio a baixo

Pela forte corrente, resto da tempestade.

Dei um grito: um corvo!

O alemão é discreto nos seus atos e não está acostumado

À gritos – no mesmo instante Ingrid me repreendeu:

Voce assustou a Traute!
...Se fosse na Itália, meu grito teria sido aceito como perfei-

tamente natural, pela surpresa, mas na Alemanha me fez

pedir desculpas à motorista...

Era o primeiro corvo, e ele me indicava uma estrada onde

Outros de sua espécie, me esperavam...

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E como os sonhos de criança podem ser realidades, eu resolvi

Realizar mais um.

Eu sonhava sim, desde que pude dar acordo de mim, com um

Lugar na India, selvagem como as ilhas do Havaí que me fas-

Cinavam, e a India me seduzia, com seus templos, seus

Deuses e suas dançarinas cobertas de jóias e flores. Era tão forte

Essa imaginação que eu me perdia nas aulas do colégio, sonhan-

Do de olhos abertos. Não fosse a minha rápida compreensão de

Tudo que não se tratasse de números, eu teria feito o tempo esco-

Lar com dificuldade.

Não demorou muito para o sonho se transformar em sofrimento.


A minha amiga Ingrid, desde o nosso primeiro encontro no colégio,

Apesar de materialista e atéa, tinha um genio maravilhoso e era a

Única a me aturar com a maluquice... fomos inseparáveis, no seu

Casamento, no seu único filho, até sua morte.

Mortos minha mãe e meu pai, ficando herdeira, não deu outra...

Resolvi partir para a India...

Procurei Lesly, filha de italianos, mas que residia seis meses na

Italia e seis meses no Brasil.

Lesly me hospedou em seu apartamento em Verona, a caminho

Para a India.

Mas que India?

Lesly, guia turística, preparou um programa com passeios por

Nova Delly, Bombaim, tipo turismo.

Não, não, Lesly, não é isso que eu quero...
Então, o que é que voce quer?
Eu não sei...
Olha aqui, vê esse livro de turismo e vê se acha alguma coisa...
Folheei o livro enquanto ela cozinhava (estávamos na cozinha, em

Verona, norte da Italia e pátria dos pais de Lesly).

Folheando o livro, dei com um nome: MADURAI.
E como estávamos na Italia, dei um tremendo grito:

É aqui, Lesly, é aqui que eu quero ir!
Madurai fica no sul da peninsula que é a India – bem no meiozinho –

Entre dois Oceanos

A viagem foi feita através da Suiça, via Sri Lanka - que deu muito

Trabalho à Lesly, pois quase fiquei retida no Aeroporto do Sri Lanka: pois sendo eu brasileira, e o Sri Lanka comunista, naquela

Época não tinha relações diplomáticas com o Brasil.


No dia seguinte, após pedirmos o café da manhã, ao abrir a janela,

Oh! Quem apareceu? Ou melhor, apareceram? Os corvos! Me

Apresentei e convidei-os a tomar café comigo na mesa. Foram muito

Educados e eu lhes apresentei pedaços de bolacha com geléia. Eram

"boa boca", comiam de tudo, só Lesly foi tomar seu café sentada na

cama: - Não sei como voce pode comer com esses bichos em cima

da mesa!

Também ficavam sobre o aquecedor enquanto eu tomava banho de

Chuveiro na banheira. Loucos por novidades, conversavam comigo

O tempo todo: - Oh! Ah!

O Sri Lanka é um país budista e calmo.

Os gatos, os corvos, as baratas, um imenso elefante esperando não sei quem num recuo de uma casa, solto, sem incomodar ninguém,

Os cachorros, são de todo o mundo e todos os alimentam. Sempre

Digo aos bichos: - Querem ser felizes? Reencarnem no Sri Lanka!

Visitei os Viharas (Mosteiros budistas – Budismo Theravada) onde

Fui muito bem recebida, pois o Budismo é de converter: - Ide e

Pregai! – e recebí a lição de que a árvore Bodhi, símbolo da Ilu-

Minação do Buda, nunca deve ficar no chão, mas sim, cercada por

Pequeno muro está sempre no alto. Os monges gentilíssimos, di

Ferentes dos hindus com quem iria me encontrar...



Dalí, num avião da Air India, aterrissamos em Tiruxirapali, no Sul

Da India. O avião encostou numa casinha que era o Aeroporto..

Saltei do avião, sob um vento forte e quente, caminhei sobre uma

Terra preta (que antes tinha descrito para Lesly que era assim) e

Ela na frente, virou-se para trás e perguntou:

- Como é que voce sabia?

:

Lisley e eu levávamos mochilas de nylon, nem malas... mesmo

Assim fomos interrogadas separadamente e eles perguntavam:

Onde estão as pedras do Brasil?
Pedras? Que pedras?
O meu passaporte passou de mão em mão e foi fuçado 16 vezes!

Só pararam quando um deles meteu a mão na minha bolsa e deu com

Um rosário hindú (mala) – aí pediu desculpas e nos liberaram.

Passei 24hs em Tiruxirapali, subí duzentos degraus escavados num templo dentro de um rochedo e quase fomos mortas, porque eu ao

Ver num dos nichos que ladeiam a escadaria, a imagem de um

Lingam (órgão sexual do deus Shiva) da altura de um homem, com

Um pano roxo enrolado na sua base e ladeado pelas duas shaktis

Ida e Pingala (em forma de mulheres em tamanho natural) o mostrei

Para Lisley e ia começar a discorrer sobre o fato quando vi atrás

Dela hindús em atitude ameaçadora... eu disse:

Não olhe para trás... finja que estamos falando outra coisa...
Estávamos no Tamil Nadu, a terrível região desertica da India.

Não é costume os turistas irem lá. Os guias sabem que é perigoso.

Aluguei um carro Ambassador – resto da colonização inglesa, e

Através do deserto, alcancei Madurai.

O Deserto tem formações de pedra, como as que existem no Paraná,

Aqui, no Brasil. É um deserto como as caatingas do nosso Nordeste,

Não é de areia, como o do Saara.

Depois de viajarmos 142km, entramos em Madurai, onde há seis

Meses não chuvia.

O calor estava 53 graus e o vento levantava a poeira das ruas e cal-

Çadas.

Mas foram 142km sem serem vistos cadáveres de cachorros e outros

Animais na beira da estrada...Viva a India!

Era lá, sim... Entramos na jungle de carro, vimos e nos demos com

Muitos macacos, visitamos muitos templos, o de Meenaqueche por

Exemplo, enorme, com Universidade dentro – limpíssimo. Um

Corredor assombrado com deuses enormes esculpidos em pedra –

Que eu separada de Lesly, não tive coragem de entrar sozinha.

Madurai é conhecida como a cidade do Amor, o Semen de Shiva.

Mas eu queria o meu templo, o templo pequeno que eu via com uma

Espécie de praça de terra grande na frente, um pátio cercado por

Muros e de um corredor coberto, de pedra, eu via além do último

Muro do pátio, uma pequena colina marron.

Não tem um templo por aqui assim assim, dedicado ao deus
Shiva? (eu achava que era Shiva)

Tem sim senhora, ele fica a 8km da cidade e eu levo a senhora
Amanhã la.

Levou.

Não tinha a magestade dos outros.

Era pequeno na parte da frente, mas seu corpo atrás se prolongava

Escavado em imensa cadeia de rochedo.

Na frente, ele tinha uma espécie de varanda coberta, sustentado o

Teto por cavalos empinados com deuses pequenos entre as pernas

De baixo. No meio da varanda, estava a entrada. De um lado

Da varanda, macacos pulavam travessos e do outro lado, um ele-

Fante adolecente tirava moedas de nossas cabeças com a tromba.

No Brasil eu havia deixado tres cachorros e 35 gatos. O elefante

Me cheirava sem parar e o guia disse que eu estava com medo –

Que medo? Ele me cheira com força me empurrando com a tromba
E voce acha que eu posso enfrentar um elefante?

Era aquele templo sim... Imundo, não limpo como os outros, cheio

De escarros vermelhos da semente que mascavam, de cocôs de pom-

Bos e morcegos vivendo nas traves do teto.

Vendo a minha intenção de percorrer as outras salas do Templo, os

Indús fizeram uma barreira para eu não me aproximar do altar e eu

Lhes fiz gesto de que ficassem tranquilos.

Naquele dia não pude descer para ver o pátio e tirar minhas dúvidas.

O chão de pedra escaldava e meus pés descalsos não conseguiram

Aguentar.

Voltei no Domingo – o Templo enfeitado, um anão todo fardado me

Mostrava a porta da entrada com cabeças de lança de ferro como pro-

Teção, Desci e constatei o alpendre de pedra, os muros do pátio e a

Pequena colina marrom. Chorei muito e os mendigos deitados no

Chão onde impressos na pedra se viam pegadas humanas – eles

Perguntavam se eu queria que eles riscassem meus pés com giz – eu

Disse que não – num altar secundário ali, enquanto o sacerdote indu

Se distanciou para o fundo, eu arranqeui cabelos meus e escondi numa mesa do altar – o sacerdote voltou com uma bandeja, me poz

Uma comida na boca com gosto de cana e me apresentou ou-

Tra bandeja com cinza em que eu mergulhei os dedos e risquei tres

Listras na testa como os tres reinos de Shiva – ele fez com a cabeça

Que estava bem. Lá, abanando a cabeça quer dizer "sim".

Lesly comprou "santinhos" e descobriu que o templo era consagrado

Ao deus Murunga, um filho de Shiva e Parvati. Murunga é conhecido como o Subramanya ou o Kartikeia, muito cultuado em Bali e em toda Indonesia.

Dalí ainda visitei Madras

E anos depois, quando tomava café da manhã num hotel no Egito,

A mesa da minha excursào dava para uma janela com uma Bandeira.

Alí posou um pássaro grande e com o pescoço um pouco cinza, por

Baixo. Todos perguntavam que pássaro seria.

Eu disse:

- É um corvo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

MOLHO DE MACARRONADA NUMA CIDADE MEDIEVAL




Eh! Será que na Idade Média se usava macarrão?
Dizem que foi Marco Polo que o trouxe da China -
portanto, é provável que sim, principalmente na
Itália.

Falam que Veneza é triste, mas, mais triste é Verona.

Porque Veneza tem uma tristeza que desliza sobre
a jóia que é a cidade -
e Verona é macissa dando a impressão que em suas
ruas e becos que sempre se abrem para as praças
por pequenas ruas, e se chega à outras praças,
menores ou maiores, é como se a mesma pergunta
existisse sobre toda a cidade e jamais houvesse respos-
ta...

Não era só a saudade que residia naquele prédio de
quatro andares...
Em seus fundos, que dava para um pátio coberto por
uma parreira de uvas, um pátio de pedras, sem terra -
a não ser a latada para a parreira, várias cabeças
disfarçadamente olhavam umas para as outras nas
sacadas das cozinhas.

E estava me acostumando com as descompusturas
diárias em veronês que uma mulher despejava em seu
marido: era uma gritaria...

E notei que havia algo de estranho: aos Domingos,
era um terrivel silencio...
... e um cheiro delicioso de molho bem temperado...

Não havia explicação que mostrasse "o porque" da
gritaria - era um silencio dos dois: talvez preparado
por uma sensual noite de amor, tempero para muitas
etapas da vida.
Estava-se no fim do ritual: agora, era a macarronada -
que o cheiro me atraia como se eu pudesse fazer
parte de seu almoço dos domingos...
Nunca fui.
Estou indo agora.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007




O LAMENTO DO NAVIO DEDICADO AO ALMIRANTE
ARTHUR INDIO DO BRAZIL




Eu mesma não esqueço o lamento do navio numa manhã, quando eu morava

Em Ipanema.

Claro, o navio não poderia chegar perto da praia.

Era de longe, que vinha esse lamento.

O que estava acontecendo?

Eu era uma adolescente, morava numa casa na quadra do mar.

Não sabia que providencias tomar.

Levantei da cama, tonta com o amanhecer, e fui procurar o Catálogo de Telefone.

Procurei polícia, uma indicaçào e não me orientavam em nada.

De repente. O lamento parou.

E eu vi que era hora de começar o dia.

Depois de me assear, me vestir, me preparando enfim para mais uma jornada de

Trabalho, descí para tomar café.


Eu sempre tinha um animal comigo: um cachorro, um gato... até um coelho.

Não estou lembrada agora, qual desses animais me acompanhou no café.

Eu trabalhava num laboratório na Gavea.

Na sala de refeições daquela pequena casa, uma parede estava coberta com uma

Tela de seda, onde estava bordado um galho de pessegueiro com um pavão pou-

Sado. Presente de um dos imperadores do Japão ao meu avô que fora Almirante

E tenente da Armada Imperial.

As paredes da casa eram brancas e a casa era fria.

Era necessário que eu a imaginasse grande castelo e que por entre a passagem por

Corredores sombrios, eu pensasse no lamento de um navio na solidão

Do Oceano.

Mas, esse navio de sonho se perdeu. Seu Almirante, meu avô, nunca me procurou.

Como não o conhecí, viví toda a vida a sonhá-lo, através dos maravilhosos objetos

Que deixou.

Ao me levantar da mesa, findo o café, me perguntava se o lamento de socorro não

Tinha vindo das terras da morte, pois era quase impossivel que pudesse ter partido

Da costa de um bairro praieiro.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007


A Visita do Deus da Vida


O Deus da Vida, penetrou hoje, pela manhã, na sala
da frente de minha casa.
Só Vida.

Nas Civilizações antigas, como Babilonia, os templos
mantinham uma categoria de sacerdotisas: As
Prostitutas Sagradas.
Os homens ambicionavam essas sacerdotisas que tudo
faziam para transmitir-lhes os maiores deleites fisicos
com as bençãos dos Altares.

Esse costume, estendeu-se à India, onde as Devadases,
dançarinas dos Templos, também eram Prostitutas
Sagradas.
Os ingleses, ao se apossarem da India, condenaram o
costume, e hoje não existem mais as Devadases susten-
tadas pelos Templos e pelos ricos Marajás.
A Dança Sagrada, continua nas Academias e as dançarinas
hoje viajam pelo mundo levando essa arte ao conhecimento
de todos.

Ao receber a visita do Deus da Vida, visualisei a alma de uma
Prostituta Sagrada, deslizando sobre um Cemiterio.
Sobre a Morte, mantida pela Humanidade, dança a sacerdotisa
saturada de Santidade e Vida.
As fogueiras crematorias e os fornos do Cemiterio estão
inativos.
A deusa Kali, que preside as fogueiras crematorias e os
cemiterios, convida para dançar, ressoando seus guisos.
Não olhemos para o chão.
A terra com cadaveres e dejetos se desfaz...
Um chão se ergue para juntar-se ao Céu.
E o Deus da Vida nos mantém em Si.

domingo, 5 de agosto de 2007

VULCÃO


Assim como as montanhas do Rio de Janeiro são
famosas por sua posição, a maioria a volta
da Lagoa e do mar, a silhueta mais romantica, é
a do vulcão Vesuvio, no horizonte da Baia de
Napoles.

São dois picos: Soma e Vesúvio.

Ha uma caída da montanha entre os dois picos e
o maior, é o Vesuvio.

É uma paisagem inteira, um quadro com imensa
perspectiva - é triste, romantico, nostalgico.

Almocei perto dele, num estacionamento coberto
por suas cinzas, onde cescem as parreiras de uvas,
pois as cinzas vulcanicas são o melhor adubo para
a vinha.

Depois, de carro, subí a estrada que leva ao
estacionamento onde trocamos os sapatos - por tenis,
se for necessário, pois na subida da montanha, cada
passo equivale a dois, que descem. As cinzas
rolam sob nossos pés e é cansativo subir o caminho
estreito que conduz à cratera. Existem passagens
que só dão para uma pessoa - e eu tinha que
me comprimir na encosta do vulcão para ceder
a passagem ao outro - que poderia rolar pelo montanha
de cinzas.

Tenho pressão baixa e o calor era terrível. Não conheço
neve, pois tenho horror ao frio, e assim sempre
escolhí o verão para ir à Europa. O caso é que
comecei a arquejar e sentir tonturas que poderiam
me levar a me espatifar la embaixo.
Resolvi me encostar na rampa para me recuperar
e foi aí que pensei:
- Meu Deus, que faço eu com 45 anos encostada
num vulcão?
A subida tem 3 km e eu ja subira 1,5 km, mas não tive
coragem de ir mais além e até tive medo de descer
sozinha tão tonta que estava - mas conseguí voltar sã
e salva - não quis incomodar os amigos nem o guia.
No posto haviam dois gatos: Soma e Vesuvio. O pelo
deles estava tão áspero pela poeira do vulcão que os
animais tinham aspecto de filhotes de leão. Perguntei
se eles "de vez em quando " não tomavam banho.
Não precisei ouvir a resposta: "banho" era coisa jamais
pensada alí...

O vulcão emanava força, como um signo zodiacal
erguido por potencia mitologica com a metade da
energia do Universo. Ele nos transportava à uma
galáxia terrena que só Titãs habitavam invesiveis.

Aos poucos o choque do esforço foi-se esvanecendo
e eu me sentí enquadrada na emanação mais telúrica
que poderia usufruir.

Na descida pela estrada, parei numa loja de "souvenirs"
e comprei um colar de pedras vulcanicas que uso para
me recompor de algum desiquilibrio.

sábado, 4 de agosto de 2007

HISTORIA DE FANTASMA


Por volta de 1930, na Avenida Atlantica, Bairro de Copacabana,

Rio de Janeiro, uma menina de sete anos, chamada Leonora, foi

Atropelada e morta por um carro.

A mãe dela chamava-se Mimosa, e ela tinha pai e um irmão mais

Velho.

Estou escrevendo isto, porque, foi assim que começou a historia

Que vou contar.

Mimosa, a mãe, chorou muito e não conseguia se conformar.

Uma tarde, um homem bateu à porta de sua residencia: era um

Frequentador de Centro Espirita, que vinha trazer uma mensagem

Deixada em seu centro por "uma irmã desencarnada". A mensagem

Tinha endereço e tudo, por isso o mensageiro encontrou a residen-

Cia. A mensagem era de uma menina chamada "Leonorinha " para

Sua mãe, Minosa e dizia que ela se conformasse com o que aconte-

Ceu, porque ela, Leonorinha, estava muito bem e feliz.

E assim começa a minha historia de fantasma.

D. Mimosa tinha uma conhecida, Emilia, apelido "Lily". Lily

Mantinha um Centro Espirita de Ubanda.

O Centro de D. Lily era de Ubanda "grã-fina" – nada de Candomblé

apenas nele "baixavam""entidades" de índios e negros.
Mimosa começou a frequentar o Centro de Lily e lá um belo dia,

"baixou"Leonorinha pedindo que o Grupo do Centro fundasse um

Orfanato para meninas.

O Orfanato foi fundado: Chamou-se "Nosso Lar" e abriu em rua

Da Tijuca.

Mimosa para o Orfanato era chamada por "Mãezinha" e Lily que

Era mais jovem, "Vovó Lily".

Porque esta historia é a respeito de D. Lily.

De vez em quando, eu frequentava esse Centro e também ajudava

Nos deveres escolares das meninas e até passei uns dias lá, quando

O Orfanato ficou sem empregadas.

O caso foi o seguinte: por questão de minha familia ser de gente

Conhecida da história do Rio de Janeiro, fui entrevistada por um

Jornal e disse muitas brincadeiras "picantes". D. Lily leu o jornal

E ficou muito zangada. Em nosso próximo encontro, ela me

Recriminou a ponto de me ofender...

Eu não fiquei sentida, mas os frequentadores do Centro me contaram que ela se disse com muitos remorsos.

Passaram-se trinta anos.

D. Mimosa morreu, D. Lily morreu.

Uma manhã, eu estava na sala de minha casa de madeira,

Na minha poltrona "de ler jornal ", diante da varanda e do jardim.

De repente, senti D. Lily. Ela não estava visivel, mas estava ali.

Eu a contatava de frente para mim, na porta aberta para o jardim.

Mas não estava só: sentí que estava com o "caboclo" que recebia

No Centro: Jupiá.

Eu ri e apontei para o lado dela:

Esse aí é o Jupiá?
Nenhum dos dois tinha conformação humana – e do Jupiá, eu

Advinhava uma coluna redonda, compacta, se elevando meio

Metro do chão.

Eles tinham feito tudo para não me assustar: escolheram uma bela

Manhã clara e não se apresentaram em forma humana.

Ficamos os tres assim, trocando emoções, sem palavras. Percebi

Quando se retiravam – e como prova do que aconteceu, D. Lily

Fez uma brincadeira: passou através de mim – um gelo terrivel

Que sentí quando ela passou – e gritei, fazendo parte da brinca-

Deira:

Que frio!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007



O SOL TRANSITA SOBRE A TERRA

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O círculo de ouro que rola na Galáxia,
tem um duplo sobre a Terra :
É o olho da Leoa.

No antigo Egito, na apresentação dos deuses, a Proteção
era representada pela Mulher.

No Capitulo CLXIV do Livro dos Mortos,:
Unica, soberana de teu Pai,
e que não se submete à nenhum deus
Mestra do grande poder mágico
Em verdade, tu és a deusa do Fogo
A Leoa que caça para o sustento da familia,
A Leoa Matriarca que assume a proteçào
da sua pequena tribu,
tem olhos de ouro, parados como a Lua -
imersa no seu Oceano de trevas que é a Noite:
Tu, que és nossa Màe, e a Fonte de nosso Ser,
Tu, que preparas para nós
Um lugar de repouso no Mundo Inferior
O OLHO -divino-Udjat-da-deusa-Sekhmet
é o passeio Divino sobre a Terra.
Que a Leoa, a deusa Sekhmet, um dos nomes
da deusa Isis, não fosse Fera, por se ver alijada
nas planicies dos desertos,
onde a terra compete com a cor de seu pelo,
fosse a Magnificencia Feminina na Criação!
Terra Inculta de Amor,
Onde o Poder da Vida,
É Guardado no Coração
Pelas Garras da Força Suprema!
O MEDIEVAL E O BARROCO

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Crescí numa educaçào à francesa e numa casa onde predominava o estilo barroco.
O grande lustre de cristal, com uma cinta de bronze
com quatro cabeças de carneiro.
A mobília da sala de visitas, os móveis de madeira-branca
da Europa com revestimento à ouro, os cristais São Luiz,
as taças talhadas em cristal de rocha, o Oratório...
Meu pai gostava do ouro e da sua profusão no Barroco.
Eu também achava que gostava... que sabia eu criança
do Mundo?

Eu detestava o estilo medieval, que mesmo adornado
pelo gótico, me parecia soturno e triste.
E também não gostava da Grécia e amava mais a Roma.

Quando meu espírito como um imenso pássaro
distendido no Universo foi retomando sua forma e recompondo
sua fala com gorgeios abafados em suspiros pela posse
da Herança Divina, também as páginas da tragédia
terrestre, foram se encaixando nos vãos da ordenação
cármica.

A Grécia cresceu em meus sonhos transcedentais
e o medieval, em suas linhas de traçado triste, fez-se
moldura para os mistérios alquímicos e o verdadeiro
destino da Espada de vários combates...

Passei a amar o Ferro, o Bronze para os lustres,
o Estanho em que eram desenhados sutís traçados
barrocos, e assim a Pedra, sim, a Pedra era o refúgio das
pesquisas de minha Alma; desde o Estilo Pilões do Egito,
até aquele em que são erguidas as Catedrais e se fecham
os túmulos.

Os rochedos contêm o Mar, quando o Oceano os manda
invadir a Terra e os rochedos, obras dos Titãs, são o Museu
do Mundo.

O Ouro, apesar de muito, sempre construiu coisas
pequenas,

A Pedra, aprisionou a Terra.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Selvagem


Eu tive um primo, Carlos Abilio Reis, que sobre mim,
dizia:
- Esta menina é selvagem...

De minha ultima vida na Terra, o que mais ficou gravado
"na memória", foi a estrada que eu trilhava ao entardecer,
do Templo à minha casa.
Levando o irmão menor pela mão, era corajoso seguir
aquele caminho selvagem; os tigres são raros no Sul da
India, pois os veados, a comida preferida desse felino,
também são raros pois apesar de existir a "jungle", a
relva é escassa no solo seco. Eu penetrei na "jungle"
pelo lado e acima do Templo - mas o chão não é emara-
nhado como os das florestas braileiras.

Nós temos uma maneira de viver durante o dia e à noite.
Mas, os animais "mudam" tanto de dia como de noite.
Uma vez fui na casa de um biólogo na Tijuca, Rio, e vi
numa jaula uma jaguatirica, onça pequena: fiz-lhe
carinhos e ela parecia um gatinho.
Entardecendo, fui me despedir da oncinha - e voltei ao
quintal.
Ao me aproximar da jaula, a jaguatirica se enfureceu e
se atirava sobre as paredes enteladas para me atacar.
Eu jamais imaginara tamanha furia num pequeno
animal selvagem.
A nossa selvageria é enfrentar o mundo com a civilidade
da educação.
Mas a Noite e o Dia para nós, são os periodos de encontros
e desencontros com todos os aspectos da Vida.
A Existencia é obscura e clara, hipocrita e corajosamente
franca e verdadeira.
Não existem estradas para as Almas - só uma palavra:
econtro.
Poderia eu segurar a alma da jaguatirica e tentar apresenta-la
aos Devas.
Sei que só restariam seus olhos dourados, selvagens e
preciosos como dois topázios - pois a Existencia é formada
por várias Minas de Tesouros.