quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Os Sutís Elementos do Ser
Os Sutís Elementos do Ser.
Conforme os textos funerários, o homem se compõe de um corpo mortal, o kha, e de três principios fundamentais, sutis e imortais: o akh, o ba e o ka, termos que até ha pouco se traduziam por "espirito", "alma" e "duplo", respectivamente, mas que são demasiadamente limitados como definição dos conceitos aos que se referem.
Em primeiro lugar, a palavra akh se escreve com um glifo que representa um íbis com crista, o ibis comata. Esta ave - a qual também era denominada akh - vivia no sul da zona árabe do Mar Vermelho (perto do Qunfidhah) e emigrava à Abissinia no inverno. Ambos lugares se encontram próximos às regiões nas quais se produzia o incenso sagrado, denominadas "Terras Divinas".. A crista da ave e a sua plumagem verde escura salpicada de manchas de cor metálica brilhante , justificam o significado de "cintilar", "resplandecer" e "irradiar" da raiz akh na escritura hieroglífica.
Akh exprime todas as idéias relacionadas com a luz, tanto literal quanto figurativamente, desde a luz que surge da escuridão até a luz transcedental da transfiguração. Do mesmo modo, serve para designar o "terceiro olho", o uraeus, que na tradição antiga se relaciona com a glândula pineal e o espirito.
Nos mitos cosmogenicos, o akh aparece como o aspecto do espirito que concebe de antemão o que será objeto de criação, um conceito comparavel às ideias platonicas.
O akh é anterior à criação, e também o seu objetivo último. Quando, num texto funerario, se interpela o rei no outro mundo com as palavras "és mais akh que os akhw", devemos interpretar que, depois de haver descendido e encarnado na matéria com o fim de se tornar consciente nessa condição, o espirito volta aos "akhw preexistentes" enriquecido, com o conhecimento de si e de todas as manifestações; ou seja, a luz se transfigura. Por isso está escrito que "o rei torna à mão direita do seu pai" (Textos das Piramides, 267-268.)
É visivel que o espirito, akh, entendido como oposto do corpo perecivel, o kha, é imortal. "O akh está destinado ao céu: o kha à terra", dizem os Textos das Pirâmides.
...o espirito volta aos "akhw preexistentes" enriquecido, com o conhecimento de si e de todas as manifestações; ou seja, a luz se transfigura.
A Iluminação em Si Mesmo, é o Conhecimento de Si Mesmo, a Realização de Deus em Si.
Se não for Total, até onde for, é a Resposta à Pergunta que fazemos sem nos esforçarmos para perdermos tudo em tudo até o Desconhecido Deslumbrado, que achamos não ter poder nem sermos capazes de Realizar.
Há algo em nós que percebemos. Percebemos mais que intuimos. A Matéria Divina não é Intuida - mas, Percebida. A percepção da Matéria Divina é percebida, porque é matéria de Si própria, por isso tem o Poder de Si. Transfiguração, a queda da roupagem corporea humana, a saída em nudez ao encontro de Si, é a Surdez Total, Outros Sentidos que não os nossos, o Encontro Indefinivel.
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