quinta-feira, 15 de maio de 2008


O CAMINHO DA TULIPA


Moema sonhava com o namorado que viria a escolher.
De tanto imaginar, criou um "tulpa" - fantasma entre os tibetanos.
Nos momentos de solidão, ela o imaginava beijando-a, com a delicadeza de um principe das historias de fadas. E nos desenganos deste mundo, ela o trazia para o seu leito, o que a tornava ao amanhecer, uma mulher seca e desafiadora da Vida.
Moema trabalhava numa Editora, e no caminho do trabalho, passava sempre por uma loja de flores e, via as tulipas em pequenos vasos para vender. Ela nunca estivera próximo a uma tulipa, ela nunca tocara nessa flor. Moema só conhecera as tulipas em gravuras ou filmes - ou nos maravilhosos jardins europeus, via Internet.
O "tulpa" criado por Moema, se chamava "Cesar" - era louro, de olhos azuis escuros, pele muito clara.
Na sua imaginação, Moema era pintora e desenista e um dia, imaginara fazendo uma exposição de seus trabalhos, numa cidade do interior, recem nascida para o turismo, com um bom hotel, um salão de dança e um grupo esoterico e misterioso de homens.
A exposição, tinha somente um tema: um jovem homem louro, de olhos azuis, com roupa comum de sua época, vestido de guerreiro templário, e também com túnica de sacerdote grego.
Havia na exposição, o corpo de um guerreiro templário, descoberto na Ilha de Malta, perfeitamente conservado, pintado em sépia, sobre papel grosso.
Essa vida imaginaria de Moema, acompanhou-a paralelamente até sua morte.
Os poucos amigos que acompanharam seu corpo para a cremação, passaram pela loja de flores - as tulipas, solitarias em seus pequenos vasos, apenas curvaram suas cabeças.

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