quinta-feira, 22 de maio de 2008


A EMISSARIA


Rosa Maria, era filha de um camponês que trazia frutas para um homem estranho, que lhe pagava com limalhas de ouro raspado.
Um dia, o camponês morreu.
A casa onde moravam, ficava além de uns montes baixos, depois da planicie que era cortada pela estrada que conduzia `a Cascais de outrora.
Depois da morte do pai, a rapariga que se vestia com simplicidade e tamancos toscos, continuou a trazer as frutas e receber o pagamento em limalhas de ouro.
Rosa Maria, em certa época do Ano, pegava condução em carros que traziam legumes para Cascais e trocava as limalhas com um judeu joalheiro.
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Rosa Maria tinha em casa, muitas peças estranhas, trazidas de seu pai que navegara para a India com os portugueses que se dirigiram para a costa do Malabar: ela, a moça emissaria, jamais quisera casar-se - porque,
seu pai lhe dissera uma vez:
- "A vocação iniciatica é o resultado de uma escolha divina: esta escolha é comunicada ao iniciado na imagem de um fio que desce do céu e pousa sobre a cabeça; a descida do fio tem o carater de uma fatalidade, como se o destino fosse repentinamente revelado; a pessoa escolhida sente que perdeu a liberdade individual: sente-se cativa, ligada pela vontade de "Outro", encadeada. O fio, chamam os hindús, o "agente interior" (1)
Um dia, em que Rosa Maria fora levar as frutas "ao estranho homem", soube de sua morte. Ela entrou na casa em que ainda estava o corpo. Deixou as frutas ao lado do cadaver, sobre uma banqueta, onde viu um bilhete preso por um lotus de bronze: "Rosa Maria, vá para a India, no próximo navio, e, procure um templo pequeno perto de Madurai,
consagrado ao Subramania, e se entregue ao templo pelo resto de sua vida". Assinado: Mago Mahânga.

- consulta: A Historia Secreta de Portugal, de Antonio Telmo. (1)

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