domingo, 25 de maio de 2008


AS QUATRO FACAS COM CABO DE MARFIM

Fui criada numa casa, com tal abastança de objetos de prata, vermeille, marfim... que passando pelo tanque no quintal e vendo uma faca com cabo de marfim l, para cortar sabão, achei muito natural...

E o tempo rolou sobre a vida, esmagando uns objetos e dispersando outros.

As pessoas morriam e desapareciam, nas tempestades das horas, nas catástrofes dos tempos.

Acabei ficando com um resto de coisas, numa casa simples de madeira, um jardim-pomar na frente da casa - mas eu era outra, pois agora tinha uma bagagem de viagens e conhecimentos, era escritora, estava satisfeita comigo mesma, mas ainda estava na estrada, como quando no alto sobre o planeta, ouvi na minha primeira viagem, do aviador :
- Estamos sobrevoando o Saara!
Corri para a janela, apesar de repreendida pela comissaria-de-bordo, afim de contemplar o Saara:
e la estava ele, sem nunca acabar, como eu jamais esperaria de um deserto - sem fim!

Depois de reunir os quatro Pontos Cardeais, de estabelecer minha vida, comecei a notar que as facas compradas nas lojas, perdiam o fio, estavam sempre desamoladas. Olhei então as quatro
facas de aço alemão com os cabos de marfim, que não perdiam o fio nunca, e estendi uma para o meu caseiro, campeão de perder e quebrar facas, e disse:
- Esta não perde o fio, nunca. Mas só use esta, e ela deve ficar neste estojo de madeira, nunca junto com os talheres...
Na verdade, me vinha à memória, o filme: As Quatro Penas Brancas - as quatro penas foram reu nidas no fim, quando quatro homens completaram seu destino.

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