domingo, 11 de janeiro de 2009

Trilha através dos tempos



Trilha através dos tempos



Uma longa estrada se fez através dos mundos da morte e da vida.
Dos Templos à deusa do Sub-Mundo, Artemis, com o consentimento da deusa, uma longa estrada cruzou o Cosmo.
Eu sempre me via, desde criança, andando por uma estrada de terra.
Não sabia exatamente onde era, nem para onde ia.
Sempre caminhando, sempre a Estrada.

Habitando concomitantemente o mundo da Morte e dos Vivos, eu visitava os lugares onde vivera na Terra e que a morte interrompera.
Foi fácil para mim, lembrar-me da última encarnação: India, do Sul, do templo onde servira como devadase.
Não só me lembrava, como vivia em parte lá, onde ha 250 anos atrás, fora muito feliz, apesar de pobre.
Chegando do Templo, onde servia, na minha casa de adobe, com as paredes amassadas com barro e estrume de vaca, eu vinha louca por uma tijela de leite de cabra, com um pouco de rapadura de cana.
Não tinha comparação, essa tijela de leite com a sopa de aspargos servida em pratos de limoge com barra de ouro e as inicias da familia em ouro.
Os talheres eram de prata e vermeille, isto é, folheados a ouro.
Depois a familia ia para uma sala com paredes forradas com telas pintadas e quadros valiosos - a mobilia era de madeira branca da Europa, folheada a ouro e os acentos de
"aubisson" de seda.
Numa moldura folheada a ouro, uma pintura em pastel do rosto de Maria Antonieta, Rainha de França, sem a cabeleira.
Então, naquela sala, meu pai tocava piano e cantava árias de Opera: gostava muito, do Sonho, ária da ópera Manon Lescaut, de Massenet.
Enquanto se produzia aquela bela reunião, eu me via saindo do templo com montanhas baixas atrás, a caminho do conjunto de casas de adobe, ansiosa para tomar o leite de cabra, que minha mãe reservara para mim.
Hoje, vivo modestamente em uma casa de madeira, ainda com uns restos de objetos preciosos, quatro cachorros, seis jabutís, e a maior riqueza que poderia herdar: - um enorme Jequitibá! Essa árvore tornou-se meu templo... através de suas altíssimas ramagens vejo "pedaços da cúpula da Catedral que recorta pedaços do Céu' .
Mas, a Estrada continua através do tempo e do Espaço. E eu, junto os pedaços dessas vidas e vivo entre esses pedaços, tão bem como com os pedaços do Templo e os cuidados de minha mãe daquela época.
A Morte penetrou na Vida, e meu coração bate pelas duas: Morte e Vida, Vida e Morte.
E como ainda faço parte disso tudo, sou equilibrada e muito feliz.
clarisse

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