segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

UM GNOMO EM MINHA VIDA



UM GNOMO EM MINHA VIDA




Eu ganhei Pinoquio no meu aniversário de sete anos de

Idade.

Era um Pinoquio lindo, porque era o Pinoquio de Disney.

Estava vestido de tirolês, com uma camisa branca e um

Chapéu de feltro vermelho com uma peninha – e suas

Calças curtas, também de feltro vermelho – seguras por

Suspensórios unidos por um peitilho da mesma lã.

Calçava sapatos de oleado preto.

Tinha luvas e meias brancas.

Gepetto, o fabricante de guignols, o velho solitário,

Podia ser um mago que tinha de viver sozinho. Sua

Solidão acalentava as almas perdidas dos elementais,

Que entre suas mãos encontravam uma compensação

Para um existir de incógnitas sem pensamento.


Quando, em um pedaço de pinho, entalhava um boneco

Menino, transmitia à essa futura criaturinha, sua

Carência de vida, o que formou no Espaço o liame

Entre homem e boneco, entre os futuros pai e filho.

Jamais se saberá o desenrolar da vida entre ambos,

Das conquistas esotéricas do mago, do despertar da

Ânsia de vida do elemental.

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O guignol não tem uma aparência agradável de se ver.

Parece que suas caras transmitem um ar de maldade

E deboche, um sorriso sardonico e irônico. Existe dor

Neles como o entalhe da madeira, dos pregos, dos

Arames.

As empregadas em minha casa, sempre diziam:

Clarisse, eu tenho um medo desse boneco...
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Minha amiga Lourdes tem um tal horror ao guignol,

Que só em mencioná-lo, provoca-se arrepios nela.

Ela me relatou um acontecimento doloroso:

Estava passeando em Angra dos Reis, quando

Visitando uma velha igreja, subiu os degraus de sua

Torre; e – horror! Quando chegou ao alto, se deparou

Com um quarto de guardados: e lá estavam eles!

Talvez usados em festas da Igreja, estavam lá, sós

infinitamente sós. Lourdes teve uma terrivel
sensação, até hoje inexplicavel para ela, que os

associa à Idade Média.

Não sobraram os meus bonecos de infância, mas ele,

Pinoquio ficou – perfeito, sem um pedacinho da massa

Quebrado. É um contra-forte meu, que me viu chorar

De muito desespero, quando a resposta do Infinito ainda

Não se fazia compreendida.

Hoje, moro numa casa de madeira – e a casa tem

Ornamentos de paus sobre as portas, janelas. Pinoquio

Está sobre uma porta na sala de jantar: lá em cima, com

Seu sorriso conformado e seu olhar de quem sabe mais

Do que aparenta.

Quando o coloquei la, lhe falei:

Você agora vai guardar a casa, ta?
Quando eu residia em outra casa, na Barra da Tijuca,

Um conhecido que foi lá, me disse:

Clarisse, sua casa é mágica... Nas paredes existem uma
Porção de espiritos que ficam observando quem aqui

Entra... para te proteger!

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