quinta-feira, 9 de agosto de 2007




O LAMENTO DO NAVIO DEDICADO AO ALMIRANTE
ARTHUR INDIO DO BRAZIL




Eu mesma não esqueço o lamento do navio numa manhã, quando eu morava

Em Ipanema.

Claro, o navio não poderia chegar perto da praia.

Era de longe, que vinha esse lamento.

O que estava acontecendo?

Eu era uma adolescente, morava numa casa na quadra do mar.

Não sabia que providencias tomar.

Levantei da cama, tonta com o amanhecer, e fui procurar o Catálogo de Telefone.

Procurei polícia, uma indicaçào e não me orientavam em nada.

De repente. O lamento parou.

E eu vi que era hora de começar o dia.

Depois de me assear, me vestir, me preparando enfim para mais uma jornada de

Trabalho, descí para tomar café.


Eu sempre tinha um animal comigo: um cachorro, um gato... até um coelho.

Não estou lembrada agora, qual desses animais me acompanhou no café.

Eu trabalhava num laboratório na Gavea.

Na sala de refeições daquela pequena casa, uma parede estava coberta com uma

Tela de seda, onde estava bordado um galho de pessegueiro com um pavão pou-

Sado. Presente de um dos imperadores do Japão ao meu avô que fora Almirante

E tenente da Armada Imperial.

As paredes da casa eram brancas e a casa era fria.

Era necessário que eu a imaginasse grande castelo e que por entre a passagem por

Corredores sombrios, eu pensasse no lamento de um navio na solidão

Do Oceano.

Mas, esse navio de sonho se perdeu. Seu Almirante, meu avô, nunca me procurou.

Como não o conhecí, viví toda a vida a sonhá-lo, através dos maravilhosos objetos

Que deixou.

Ao me levantar da mesa, findo o café, me perguntava se o lamento de socorro não

Tinha vindo das terras da morte, pois era quase impossivel que pudesse ter partido

Da costa de um bairro praieiro.

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