segunda-feira, 20 de agosto de 2007

DIA DE VENTO


O vento que sopra no dia quente de Sol abrazador,
penetra pelos corredores dos Templos Hindús:
faz dançar a fumaça dos defumadores - e não mexe
com o Fogo, pois na India do Sul, principalmente,
não são acendidas velas nos Templo, mas sim, torrões
de canfora inflamavel.
As antigas Devadases equilibravam sua energia com a
dança - a batida dos pés nos chãos de pedra, acompa-
nhada no ritmo pelos mudras, o movimento dos olhos
e o deslocar do pescoço, fazendo-o dançar para os
lados, num dominio completo de toda a ossatura.
Era importante que toda matéria humana estivesse
embalada pelo vento, como estavam as folhas, poeira,
odores, as gotas de suor, a respiração opressa...
A Devadase dançava sorrindo... porque a Energia é
clara e fecundante, orgasmo da Vida...
Lá em cima, no Norte da India, o vento soprava frio,
e os sacerdotes dançavam com máscaras terrificantes...
Os tambores soavam com sinos e sons de vibraçoes
de prata retinindo de choques dos objetos sagrados.
As grandes cornetas, estiradas desde o solo, soltavam
seus lamentos lúgubres...
Os sacerdotes dançavam, com suas mascaras ameaçadoras...
Por incrivel que pareça, essa dança era para despertar o Silencio;
toda ela só tinha um sentido: o Silencio
O Horror fazia recuar o mundo material, o som tinido da prata,
era o espirito desperto; o lamento das longas cornetas, o
sinal de recuo em meio a barulheira dos dançarinos...

O Budista, impávido, imovel na sua conquista pelo centro do
Mundo
Om Mani Padme Hum
O Hinduismo fazendo despencar das brumas da Criação,
o imaterial semen que faz latejar a Vida para a conquista de
Si Mesma
E o Tantrismo no Himalaia
faz a Daquene solicitar ao Budismo
permissão para a
Doçura da Misericordia

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