segunda-feira, 16 de julho de 2007


O VARAL DE ROUPAS

Eu ainda era uma mulher jovem.
Descia num elevador, quando ouvi a conversa de dois
homens:
- Ah! Eu acho lindo aquele varal de roupas, sustentado
por um bambú, nos quintais das casas!

Uma frase tão simples, que em si não englobava filosofia
que trouxesse apoio ao cotidiano da vida... no entanto,
me acompanhou esse tempo todo, nas horas alegres e
tristes.
Não eram os ditos tradicionais bíblicos, védicos, hindús,
gregos, budistas... era apenas a imaginação do que a
vida nos trazendo acontecimentos dos quais às vezes
suspeitamos que fosse um punhado de flores com uma
faca traiçoeira dentro, me fazia vislumbrar um varal
de roupas coloridas, num quintal amigo, que o vento
movimentava em uma situação que nada era, nada di-
zia... mas descansava minha mente.

Quem sabe, fazia parte do meu eu psíquico, as bandeirolas
coloridas de pano ou papel, que em varais intermináveis
oscilavam aos ventos do Himalaya?

Também podia reviver a cena de uma mãe chorosa pela
morte da filha mais velha, retirando de grande tacho de
cobre, roupas coloridas, que pendurava num varal tris-
te como o prolongamento de uma veia de sangue, ao
vento c restante do sul da India!

Um varal de roupa lavada, cuidadosamente enxaguada
de sabão perfumado, é a única verdade da nossa vida
composta de ilusões e desenganos - porque somente
num pano desses, seco ao vento, voce pode mergulhar
seu rosto com total confiança e despreendimento, e
chorar - seu verdadeiro choro de consolo por toda uma
existencia sem aquela resposta que voce mais desejara!

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