domingo, 14 de setembro de 2008

A INVEJA DA DEUSA DIANA‏




A INVEJA DA DEUSA DIANA‏



O mar Tirreno estava lá embaixo, como resto de tinta azul escura, derramada, do pintor escolhido por Deus, quando ele pediu que decorasse a costa da Italia à Grécia.
Os arqueólogos abriam os nichos no Rochedo que guardavam corpos de gregos e romanos que lutaram em diversas guerras nessas paragens.
A Itália tem algo em sua atmosfera, que preserva os corpos dos mortos.
Quase chegando à Grécia, o rochedo escuro, não foi contudo totalmente aberto, mas, o
último esquife, em folha de bronze, revelou o corpo de um soldado em sua armadura romana, com uma adaga embainhada numa bainha de prata.
O jovem homem, de uns vinte anos, fôra louro, traços de sua face belos como uma estátua em carrara.
Junto com um dos arquólogos, estava sua filha Efigenia.
Se aproveitando da distração do pai e dos funcionários que ouviam instruções dos arquologos, Efigenia, retirou a adaga do estojo de prata da cintura do corpo do soldado.
Tudo anotado, os sarcófagos foram novamente fechados e selados.
Foi deixado um atestado de conservação e propriedade, numa placa de marmore previamente preparada, na gruta dos rochedos sobre o mar silencioso lá embaixo.
Todos se retiraram, indo Efigenia e o pai para a casa nos rochedos de Santorini, onde residia um dos arqueologos.
Na varanda daquela casa branquinha, Efigenia olhava a noite estrelada com uma lua quase cheia.
Apoiada numa mureta do minusculo jardim da casa, olhando o mar, Efigenia ao ceu estrelado, fez um pedido: - Que eu possa devolver a adaga ao seu dono sobre a Terra.
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De volta à sua casa, um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, olhando o mar que banhava a enseada da cidade no Brasil, Efigenia se sentiu terrivelmente só e perguntava a si mesma, se encontraria o antigo proprietario da adaga romana. Os pais de
Efigenia, eram ricos e frequentadores dos ricos que encontravam nas noites cariocas, seu lugar de diversão.
Efigenia se sentia melancólica e triste: ela, de bom grado, abandonaria essa Sociedade
Rica, apreciadora de novidades trazidas pelos cozinheiros com bebidas também constando, das ultimas novidades para as mesas desse país do Sul da América.
Efigenia pressentia uma reliquia em si mesma: em meditação, ela apelava para si própria.
Dentro de si, desfilava um panorama antigo do mundo - nesse panorama, se via sacerdotisa das religiões que originaram a Mitologia Grego-Romana - não somente sacerdotisa, mas ágil agente dentro dos mistérios dos Templos.
Enfim , veio um convite de Brasilia, de Ana Elisa, sua antiga colega de Escola.

Chegando em Brasilia, num Sábado, Efigenia foi apresentada no almoço de Domingo, ao amigo de Ana Elisa, Miguel de Abrantes .- No momento em que Ana Elisa foi se arrumar para sairem, Efigenia teve o ensejo de conversar com Miguel.

Notou, logo de inicio, que Miguel não associava sua apreciação por Arqueologia e Mitologia Greco-Romana, com a parte Esoterica de todas as antigas religiões.

O passeio dos tres e encontro com mais amigos, foi constrangedor para Efigenia.
A semelhança de Miguel com o antigo combatente romano de quem Efigenia retirara o punhal, era tão estraordinaria que ela não conseguia desviar o olhar dele e ve-lo namorando a amiga, aos beijos de enamorados, foi uma agressão
à sua sensibilidade tão forte que ela acabou por se embebedar com champagne.

A turma teve de levar Efigenia bebada para casa e quando ao amanhecer Efigenia constatou que o casal de namorados tinha dormido fora, teve a fraqueza
de desejar se embebedar outra vez.
Em seu quarto, a moça retirou o punhal que sempre trazia consigo, da mala de viagem, e beijando-o pela primeira vez teve de fazer um grande esforço para não
enterrar a arma em seu peito.
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Na noite sobre a Cidade do Planalto Goiano, Efigenia tinha os olhos fixos na Lua Cheia, simbolo da deusa Diana, a deusa que dominava o Sub Mundo -e as revelações equiparadas entre a Morte e a Vida..

Ali, sozinha no terraço da casa, Efigenia ergueu o punhal para a Lua encomendando sua ida ao Reino inacessivel para muitos, mas não para ela,
que procurava através da morte, um encontro com a Vida.
Foi então, que ouviu uma voz atrás de si:
- Está querendo se matar?
Era Miguel.
Efigenia o contemplou, o olhar traindo a derrota da luta de sua Alma, o desespero em seus olhos castanhos dourados, e ainda por um segundo, pensou:
- Eu entrego opunhal a ele?
- Não, é uma reliquia que tirei numa inspeção arqueologica, por uma atração incrivel pelo corpo de um antigo guerreiro romano - ele se parecia muito com você.
Miguel sorriu e estende a mão:
- Deixe-me ve-lo.
- Não, nunca mais...
E sem que ninguém percebesse, arrumou a mala, saiu escondida, viajou diretamente para Sorrento, na Italia, perto dos Rochedos que guardavam os corpos dos soldados, ali se empregou como guia turistica, até sua morte uns dez anos depois, onde foi enterrada a seu pedido com o punhal em seu peito, guardado entre os seios que não foram tocados pelo amante desejado, e assim,
se refugiou no Reino de Diana, até próxima chamada dos deuses, para exercer sua missão de Pitonisa Eterna nas Regiões do Espirito.

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