sexta-feira, 4 de abril de 2008

O PAVÃO


PAVÃO

Era uma casa grande, para onde,
o pai do Imperador Hiroito,,
do Japão,
enviara para um Almirante que
muito o visitava, um conjunto de
cobertura de cama, verdadeiramente
principesco:
- uma colcha de cama de casal, em
gorgorão de seda beje,
bordada com um pavão em tamanho
natural, pousado num galho de pes-
segueiro florido: as fronhas eram
duas, reproduzindo o pavão no
galho de pessegueiro.
A colcha virou uma imensa tela de
parede, o fundo para a sala de
jantar - as fronhas, foram pregadas
em seus angulos e virou centro-de-mesa.
Eu nasci com muito sofrimento, sendo
necessaria reanimação, o que atinjiu
o cérebro, lesando a superficie de uma
das camadas, segundo o diagnostico
dos médicos quando fui tirar carteira
de habilitação para dirigir - isso pre-
jicou meu andar.
Fui um bebê com muitos
problemas: dificil de alimentar, vomi-
tava com facilidade, tinha sempre
aftas e tersóis, mas, meus olhos negros
como jabuticaba, não cessavam de con-
templar a tela gigantesca do pavão.
A familia, era exibicionista; em alguns
Domingos, se reuniam numa sala
Luis XVI, com o retrato de Maria
Antonieta em pastel, sem cabeleira,
moveis de aubisson de seda e madeira
branca da Europa, dourados, e então
me pai cantava árias de opera para
tenor.
A familia se dissolveu, as casas dimi-
nuiram, e a tela do pavão não tinha
mais parede para apresenta-la, e
ficou amontoada sobre um armário,
onde um gato fez dela seu banheiro;
não tendo mais como recupera-la,
se foi, como a primeira etapa de
minha vida.
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O automovel Ambassador atraves-
sava o deserto Tamil Nadu, com sua
areia amarela e grossa, as pedras
formando arcos; o calor era intenso.
De repente, surgiu a cidade Madurai,
e Leslie, minha guia de viagem e o
chofeur, foram buscar algo para eu
saciar a sede.
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Depois de muitos templos, penetrei
no Tirupparankunram, que se desdo-
brou como imensa Tela do Mundo, e
eu chorei, enquanto no altar de
Ganeshe o sacerdote comovido,
me oferecia uma bandeja com uma
comida com pedaços de cana, que ele
proprio colocou em minha boca.
Ao meu lado, Leslie comprava estam-
pas com figuras dos deuses do
Templo, e me disse:
- Este templo é do deus Murunga,
aquele que monta o Pavão.

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