terça-feira, 29 de abril de 2008


MUDOU-SE PARA POMPÉIA





Regina trabalhava como vendedora numa papelaria.

De sua herança, restou-lhe um apartamento de quarto-e-sala no Largo do Machado.

Já trintona, frequentava um Centro de Arqueologia e estava sempre no Museu da
Quinta da Boa Vista - era atraida pela Seção do Egito e a sala com objetos de
Pompéia, a cidade soterrada pelo vulcão Vesuvio, no sul da Italia.

Pertencia a Centros esotericos Ocultistas e sua vida resumia-se em frequentar
esse aspecto cultural..

Nem bonita nem feia, ligava muito pouco para sua aparencia - cabelos escuros, estatura
mediana, óculos de míope.

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Conseguiu juntar dinheiro e viajou numa excursão para o Sul da Italia, afim de visitar as
cidades soterradas, Pompeia e Herculano.

Como todo mundo, achou Herculano " mais aristocratica" e Pompeia mais simples.
- desgarrada da excursão, ela visitou Pompéia sozinha.
No entra e sai das casas, seus jardins onde abundava a murta, planta sagrada das
pitonisas, e o silencio das casas vazias, uma até com esqueletos num quarto,
ela sentiu como se estivese pisando num solo conhecido seu.

No mercado, perto do templo de Jupiter, ela se viu ali comprando e negociando
com os vendedores.

Na casa dos Misterios, contemplando o mural onde estava pintada uma cena de
flagelação de uma Iniciada, Regina perdeu o controle de si mesma. Passou o
resto da excursão que se estendeu até o norte da Italia, com um sorriso
fraco e pouco conversava.

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Retornando ao Brasil, na volta do trabalho, Regina começou a escrever notas a
respeito de uma jovem chamada Alba, empregada humilde de mercadores
residentes outrora na cidade de Pompeia.
Sim, Alba cuidava do jardim, limpava a casa, cozinhava e fazia compras de comida
na cidade - até o dia em que conseguiu penetrar no pátio da casa dos Misterios -
e la pedir para ser sacerdotisa, começando do degrau mais humilde que pudesse
ser. No templo de Apolo ela orou e implorou por um milagre - e o milagre veio:
seus senhores concederam-lhe a liberdade e ela ingressou na Casa dos Mistérios.

Mas o ir-e-vir de Regina do seu trabalho na papelaria, sua sobrevivencia, tornaram-se
coisa fantasmagorica. A cidade do Rio de Janeiro, se transformou em Pompeia,
mesmo que ela fizesse uso dos onibus ou metrô.
Ela chegava ao seu apartamento, mas não percebia que tinha tomado um elevador
- se visse algum conhecido, dava um sorriso amarelo como se fosse um grande
sacrificio se dirigir à alguém.
Como trabalhava no almoxarifado da papelaria, vivia em silencio na sua sala-porão.

Um dia foi obrigada a ir ao enterro de um conhecido.
Contemplando a extensão do Cemiterio São João Baptista, de repente, ali se
materialisou Pompeia - A Cidade dos Mortos - onde ela agora novvamente vivia.

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