segunda-feira, 28 de maio de 2007
Carta de meu avô chinês
Quando eu visitava a medium Esther Calderon, sempre me
lamentava de não saber como fora a vida de meu avô na
China - pois apesar dele aqui no Brasil ter sido cozinheiro
de gente rica, ele guardava um jornal chinês, que lia após
o jantar - em voz alta, sob uma lampada fraca, de um lustre
de ferro, em sua casa.
Uma tarde, ao chegar em casa de Esther, encontrei uma
carta psicografada por ela, de meu avô.
Ele endereçava a carta à
Claridade,
A Luz do Dia,
Minha neta de agora e minha antepassada
de muitas Eras
O que ela quer saber...
e relatava que ele pertencera à gente nobre que caira em
desgraça do Governo - uns foram presos, ele fugira e se
engajara como criado de um brasileiro pernambucano e
durante um certo tempo, cozinhara para aquele homem -
o que gerou daí a paixão dele pela cozinha.
Li Po se naturalisara brasileiro com o nome de Afonso
Lirio.
Afonso sabia colher os jasmins para perfumar o chá e
nunca deixara de ser budista Chan (Zen, no Japão).
Minha mãe criança, era catolica - criada por uma familia
rica - e quando ele ia visita-la, ela encostava um santinho
no rosto no momento em que ele ia beija-la, para que
ele beijasse o santinho - e meu avô, para contentar a filha,
assim fazia: beijava o santinho catolico.
Tive pouco contato com ele, mas um dia em seu quarto
numa casa antiga em Vila Isabel, perguntei, mostrando
um buda pequeno sobre um movel antigo:
- Vovô, quem é o Buda?
Ele falava mal o português - se mostrou muito atrapalha-
do, e somente disse:
- É... é... um Grande Espirito!
Clarisse
(Claridade)
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