quarta-feira, 20 de maio de 2009

Principios e orígens da Dança Sagrada da India - Louis Fréderic



Principios e orígens da Dança Sagrada da India - Louis Fréderic



Na Noite de Brahma, enquanto o Universo ainda não estava criado, a Matéria jazia imovel. Brahma a desperta de seu torpor e ela começa a palpitar. Então Brahma entra na Materia para lhe dar o Movimento e o Ritmo. O Tempo, o Espaço e a Causa existiram...
Existe portanto um poder inerente à todo ser que tende a se mover, dançar. E este Poder dirige todas as atividades da vida.
A dança propriamente dita, se manifesta verdadeiramente pela primeira vez nos êxtases sexuais dos animais, nos pássaros e nos insetos.
O homem dança, ele faz gestos, ele se move. É então a Dança da Vida, Nritya, a dança de todos os instantes. No complemento de sua natureza, o homem realiza movimentios significativos, movimentos dançantes denominados por gestos. O homem mergulha numa espécie de inconsciencia de si que o faz dançar ao ritmo do Cosmos, e visualisar sua verdadeira natureza. E, logicamente, ele se deifica a si mesmo em adorar sua projeção
no Infinito, a Divindade.
A dança é divina em sua essencia. Ela reside nos pensamentos do homem de ciencia, na inocencia da criança, no crescimento das árvores, em cada Kriya (ato) dos seres viventes.
E em cada Kriya há um ritmo que determina um tempo particular ao ato cujos batimentos estejam em harmonia com aqueles da Existencia. Este ritmo é o do Cosmos.
Os antigos Rishis da India consideravam que a dança era uma parte essencial de toda atividade humana, de qualquer ritual, e vendo nela um meio de cultura e de civilização, uma guardiã das tradições éticas e morais na comunidade humana. Associando a alma à Divindade, e considerando que cada ação humana, é o resultado de uma vontade da Divindade, eles dançavam para Ela.
Deus existe em cada ato como o fogo reside em cada pedaço de madeira, aguardando uma centelha da Vontade para se manifestar.
A dança primitiva era uma operação mágica através da qual as realidades da vida podiam
ser despertadas. E a repetição eterna de dois fatores essenciais da Vida, o Nascimento e a Morte, determinam no espirito do homem uma especie de ritmo transcedente, eterno, sobre o qual não existe nenhum poder. Nesta constatação em pensamento de uma Vontade Toda-Poderosa extra-humana, o homem tornou-se naturalmente religioso e crente. Como poderia ele se comunicar com este Poder transcedental senão por expressões dos seus sentimentos interiores, para os quais não existem palavras: pela dança? Ela se torna o simbolo da prece, da adoração. Como pedir a chuva aos Deuses
para as colheitas, senão dançando? Como forçar a Divindade à cumprir os desejos dos
homens, senão em A imitando de maneira a ser semelhante À Divindade, e criar ritmos novos?
O canto seguia de perto a dança. Ele se dirigia aos homens, lhes explicava a significação da prece. O som acompanhava o ritmo e se tornava ritmo, ele próprio...
Os antigos Hindus associavam a Dança e o Son ao Misterio Divino. A Vida e a Morte fazendo também parte deste grande Misterio, e foi em honra do Deus da Morte e da Ressurreição que a dança sagrada da India foi elaborada, imitando a dança do Nataraja, o Dançarino cósmico criador do Ritmo, Shiva. Uma pantomima dançada foi então criada afim de imitar os gestos divinos ordenando os seres e as coisas e fazendo-os se mover,
que ajudava os humanos à transpor suas existencias sobre um plano divino de criação e de destruição.
(Na Dança Bharata Natya, Shiva é o deus da Transformação, e não da Destruição, tanto na Dança pela mulher (antigamente nos Templos, como Devadase) como o Tandava, que deve ser dançada somente por homem - nota de Clarisse - "e foi em honra do Deus da Morte e da Ressurreição... " e é por isso, que Shiva é o deus da Transformação e não da Destruição...- nota de Clarisse). - La Danse Sacreé - Louis Frederic.

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