quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


ORATORIO


Preto... um Oratorio em fuligem enegrecida
pela fumaça das pastilhas de cânfora, as
imagens dos deuses são estátuas escuras,
que mal podem ser distinguidas...
A Infinita Misericordia Divina colocou esse
altar de um templo no Sul da India, bem
grande, enorme, em todos os céus do Plane-
ta Terra... para onde girasse o Globo Azul,
nas estações que marcavam minha vida.

Na casa de Ipanema, me deram um quarto
que tinha um anexo pequeno.
Da minha cama eu via pela porta estreita
que dava para o anexo, o Oratorio Negro,
enorme - da cruz que o encimava, pendia
em correntes de prata, uma lamparina de
vidros coloridos com óleo dentro e onde
boiava noite e dia, um pavio de cera sobre
uma estrelinha de papelão, a chama
daquela capela.

Eu olhava da minha cama aquela imensa
sombra escura que era apadrinhada pelo
negro altar de fuligem que me perseguia
do Espaço - a saudade era tanta, de algo
que eu não identificava, que uma noite,
minha mãe veio ao meu quarto de criança
perguntar porque eu chorava tanto...

Quando na India, identifiquei meu templo,
e quis me aproximar do altar, os nativos
fizeram uma corrente humana para impedir
que me aproximasse.... eu era agora, uma
ocidental...
O oratorio ja foi vendido ha muito tempo
por minha mãe, quando saimos daquela casa,
quando meus pais se desquitaram.

Mas eu reconquistei o altar que jamais
esqueci - enquanto a India for eterna, eu
terei um altar para orar para os meus Mestres.

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