quinta-feira, 15 de novembro de 2007


A IMPORTANCIA DE VIVER - LIN YUTANG


Quando subo às Cinco Montanhas Sagradas, ali
permaneço acima dos ventos celestes e olho os
Quatro Mares, e os mil picos de montanhas parecem
caracóis e os mil rios parecem cinturões enfeitiçados,
e as mil árvores parecem ervas. A Via Látea parece
roçar-me o queixo, e brancas nuvens me passam pelas
mangas, as águias do ar voam ao alcance da mão e o
sol e a lua me acariciam as fontes e seguem seu cami-
nho. E ali tenho de falar em voz baixa, não só por temor
de assustar o espirito da montanha, mas também para
que não me escute Deus, em seu trono. Por cima temos
o puro firmamento, sem mácula de pó, e em baixo a chuva,
o trovão, a tumultuosa escuridão, e o eco do trovão ouve-
se apenas como o soluço de um menino. Neste momento,
a minha vista está deslumbrada pela luz e o meu espirito
parece voar além dos limites do espaço, e tenho a sensa-
ção de ir cavalgando ventos que me levam para muito
longe, mas não sei aonde vou. Ou quando o sol está para
ocultar-se e a lua surge no horizonte, a luz das nuvens
resplandece em todas as direções e a púrpura e o azul
chispam no céu e os picos distantes e os próximos
mudam de matiz, em um instante. Ou em meio à noite
escuto os sinos do templo e o rugido de um tigre, seguido
por uma refrega de vento, e, como está aberta a porta
principal do templo, visto a túnica e me levanto: ah! lá
está reclinado o Espirito do Coelho e alguns restos da
ultima nevada cobrem as vertentes superiores, a luz da
noite jaz como uma massa esbranquiçada e indefinida,
e as montanhas distantes apresentam um contorno
apenas visivel. Num momento assim, sinto o corpo pene-
trado de ar fresco, e diluiram-se todos os desejos da carne.
Ou vejo o Deus da Montanha Sagrada sentado em seu trono,
dando audiencia aos espiritos inferiores.
...................

Agora fecho a janela da Lista da Teosofia,
e recolho-me para tentar adormecer - os
sonhos ja estão encaminhados pelas mensa-
gens dos companheiros que recebi.
Boa Noite
clarisse

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