sábado, 22 de setembro de 2007


O Ermitão



A casa de madeira onde vivera Pen, o ermitão, estava abandonada,
com a porta aberta batida pelo vento.
Os objetos que lhe pertenceram jaziam ao leo, uns sobre os moveis,
outros sobre as roupas de sua cama, ainda com o cheiro do corpo
de Pen.
Para o povo daquela região, aldeia rural, aqueles objetos não serviam
para muitos deles - as mulheres, os apreciariam melhor: a maior
parte, era chinesa, delicada demais para suas vidas rudes: ventarolas
pintadas em papel, bibelôs de madeira entalhada, tabuinhas de marfim
com escritos em chinês, tigelas pequenas em porcelana, pentes de
sândalo...
A alma de Pen se deleitava na região aonde fora parar: bastava uma
ideia poética e um movimento suave como uma pluma de passaro,
se fazia pressentir perto dele...
Um suspiro, e a emoção que o provocara se reconstituia em movimentos
estranhos, se materialisando na sabedoria budista que fora o seu esteio
no paraiso que se fizera para sua vida na Terra...

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