sexta-feira, 28 de setembro de 2007
O Caldeirão
Fui criada com as refeições
sendo servidas em travessas de cristofle
Agora que moro só,
E a diarista é tão preguiçosa quanto eu,
deixo vir da cozinha a panela com a comida.
Hoje, na hora do almoço,
estava observando a panela com macarrão:
- Por que gosto de observar as panelas,
os caldeirões?
Não uso mais toalha de mesa.
Minha mesa atual, é colonial de vinhático,
pesada e simples.
Parece mesa das tabernas antigas.
Tive belos lustres de cristal...
Mas gosto mesmo é de lustres de bronze,
pesados...
Minha pequena casa não comporta lustres...
Uma amiga, me trouxe duas lâmpadas
como se fossem luminarias de rua...
Eu gostei e as pendurei do teto
Sobre um armário colonial,
está a lamparina em bronze,
com anjos
peça barroca, belissima, que estava na
capela-sepultura de meus avós - escapou
de um roubo que sofreu a capela,
pela caridade de um pássaro, que passou
por um buraco no vidro da porta, e
trazendo palha grossa, encheu a lamparina,
deixando artisticamente, a palha tombar em
volta...
Mas quem disse que tenho coragem
de ver a lamparina pendurada sobre minha
mesa de refeições,
depois de passar mais de quarenta anos
numa tumba no Cemiterio?
Gosto dos canecos de estanho,
alemães, com uma tampa, que a gente
abre com o dedo polegar...
A minha casa é tão esquisita,
que quando morei na Barra, os vizinhos
no Condominio,
a chamavam de "Estalagem Maldita"...
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
SOLIDÃO
Solidão é sentir-se infeliz.
E o que é sentir-se feliz?
É estar momentaneamente bem.
E quando se está momentaneamente bem,
- era isso mesmo que desejavamos?
Que sabemos das coisas boas e más
- para nós?
La no "imo", na "gruta" existe alguém que
ainda não conheço muito bem.
Solidão - é um estado permanente.
Solidão não é boa nem má.
Solidão é uma planta constantemente a
procura de Sol, Vento e Chuva.
E mesmo que tenhamos o máximo que
não esperávamos, o Imo que mora na
Gruta, não sabe se agora ele está onde
mais queria estar.
Solidão é Impermanencia.
Pode-se tapear a Solidão com várias filosofias...
Para se chegar à conclusão,
de que,
Solidão não existe.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Liberdade
Eu observo as folhas das árvores
no quintal
Dá vontade de fazer parte do Vento
e passar entre a folhagem,
ir e vir,
como um inseto zumbidor
contente pelo que pode fazer
Mas, cerceada pela carne, montada
num esqueleto de ossos,
trazendo no topo uma caveira com olhos
úmidos e cabelos compridos,
tendo em seu interior, um amontoado
de carne, como serpente
enrolada adormecida, cérebro,
e nesse monstro hediondo,
uma noção de tudo poder, de ter solução
para tudo
Que idéias terá o Espirito,
numa outra estância que não é regida
pela carne?
Liberdade?
Liberdade pertence à carne!
Outro é o Estado do que se chama
Espirito!
E como no Espirito não existem vocábulos,
o que dele vem, ja nos chega autenticado
pela idéia da carne - e como é dificil ter
do Espirito, somente o Espirito!
terça-feira, 25 de setembro de 2007
O ESPLENDOR E O SOFRIMENTO
A terra na floresta perto do Templo,
era dura e escura
Ele surgiu numa aparição repentina
Sua magestosa cabeça,
coroada para sempre com o diadema da
realeza dos animais,
me fixou com altivez,
sem acolhimento,
nem simpatia
Ajeitei meu corpo, ja não jovem
e cansado,
doidas as pernas sobre a terra e
as raizes duras
mas ele, o rei, o mais belo dos animais,
virava a cabeça de esmeralda,
com antipatia e desprezo,
e eu com dores e sofrimento do meu corpo
estendia-lhe minha mão com sementes
de goiaba
o sofrimento humilde
contra a altaneira beleza -
um ser pensante
diante de um ser irracional,
mas mais belo
que o céu estrelado
servindo de chão ao Globo Terrestre,
ele bicou as sementes,
com os olhos fixos em mim
o Esplendor do Pavão
diante da miséria do corpo humano
sábado, 22 de setembro de 2007
O Ermitão
A casa de madeira onde vivera Pen, o ermitão, estava abandonada,
com a porta aberta batida pelo vento.
Os objetos que lhe pertenceram jaziam ao leo, uns sobre os moveis,
outros sobre as roupas de sua cama, ainda com o cheiro do corpo
de Pen.
Para o povo daquela região, aldeia rural, aqueles objetos não serviam
para muitos deles - as mulheres, os apreciariam melhor: a maior
parte, era chinesa, delicada demais para suas vidas rudes: ventarolas
pintadas em papel, bibelôs de madeira entalhada, tabuinhas de marfim
com escritos em chinês, tigelas pequenas em porcelana, pentes de
sândalo...
A alma de Pen se deleitava na região aonde fora parar: bastava uma
ideia poética e um movimento suave como uma pluma de passaro,
se fazia pressentir perto dele...
Um suspiro, e a emoção que o provocara se reconstituia em movimentos
estranhos, se materialisando na sabedoria budista que fora o seu esteio
no paraiso que se fizera para sua vida na Terra...
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
UMA VÓZ AO LONGE
A proximidade existe pela sensação dos sentidos.
Quando aniquilamos os sentidos,
- vista, audição, presença,
sendo apenas a percepção, tudo se transforma
numa só coisa - a percepção tanto "percebe"
como elimina a separatividade "das coisas".
O principal da Percepção é que ela transforma os
sentidos, reportando-nos ao Capitulo do livro
"A Autobiografia de um Yogui" de Paramahansa
Yogananda, em que o Mestre relata que num
mundo do Astral, ouvimos com os olhos, vemos
com os ouvidos...
A Percepção não é um desligamento, mas uma
concatenação com outra onda vibratória.
Cada Onda Vibratoria é um Aspecto e nos
adaptamos a Cada Aspecto.
domingo, 16 de setembro de 2007
Hinduismo / Budismo
A Devoção
que desperta o Fogo
as chamas que representam a Aureola
de Cristo
As chamas das Fogueiras dos Vedas
- um simbolo ainda fraco
da Emanação do Centro Cosmico,
- Haste do Interior de nosso Corpo -
fogo que desperta o Poder Shivaista
que retumba com sua Dança
no Centro do Universo
onde a repercursão do bater de seus Pés ,
mantem o Som Cosmico OM
A Misericordia e o Imenso Amor
fazendo-nos herdeiros do que é nosso
transmutado em Universo
arrebatado em Nós
e no Mundo
revertendo o mesmo que em nós
para Verdade no Exterior e no
Interior
Budismo
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Ao Entardecer
Eu estava deitada na rede na varanda.
Divisava os galhos finos da imensa árvore no jardim - o jequitibá.
A tarde caía, ja 17hs, e então uma estranha coisa aconteceu:
- um clarão fraco, quase imperceptivel, se fez sobre as pontas dos
galhos mais altos.
Poderia ser um relampago, mas não havia uma núvem...
Talvez a energia acumulada de um dia de verão, onde ha um mês
não chove...
Seria?
Meu desejo de que o fenomeno fosse algo "sobrenatural" para
encantar o meu "quarto-de-criança" no Palácio do Epirito, onde
moro encolidinha, sempre receosa das agressões terrestres,
acelerou minhas batidas cardíacas, e minha respiração parecia
comandada pela varinha-de-condão de uma fada, com a res-
sonancia mágica que ecoava no Misterio da Magia. E ouvi o Som Eco
Espiritual da Verdade do Universo como a Paz que procurava.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Tarde Silenciosa no Templo
Está calor no Tamil Nadu.
Os mestres de música e hinduismo, na pequena sala
junto ao recinto onde se acha o altar, estão subjugados
pelo extenso calor.
A floresta que rodeia o Templo de Murunga e é rasgada
aqui e ali pelas colinas rochosas, não é bastante para
refrescar a tarde de verão.
As baiaderas, acostumadas a andar descalças, as solas
dos pés ásperas pelos passos de dança sobre as rochas
do chão, não sentem magoar o pés.
Um vento tão quente como brasas sopradas, agora curva
as árvores e faz os pavões e os macacos buscarem abrigo
nos corredores externos do templo, onde colunas de pedra
sustentam seus tetos.
O perfume dos defumadores se desmancha na atmosfera
levantada pelo calor e o vento que invade todos os ambientes.
As mãos se cruzam sobre os peitos, onde o
coração pulsa entre as mãos dos Devas: a entrega da alma
à Krishna, que sopra a Kundalini para o chakra entre os olhos.
O corpo se transforma numa transparencia de luz vermelha
onde até o ar impelido pelos sorvos da Yoga Sagrada, eleva
a atmosfera da Devoção ao Explendor da Massa Ignea Cristã.
A imersão na Devoção ao Cristo, nos retém, fazendo-nos nos
perdermos quase Infinitamente.... a volta ao Mundo Terra,
é como centenas de carruagens trazendo os deuses para a
consagração de uma unica Alma, no que Ela vale naquele
Momento Indescritivel...
Está calor no Tamil Nadu.
Os mestres de música e hinduismo, na pequena sala
junto ao recinto onde se acha o altar, estão subjugados
pelo extenso calor.
A floresta que rodeia o Templo de Murunga e é rasgada
aqui e ali pelas colinas rochosas, não é bastante para
refrescar a tarde de verão.
As baiaderas, acostumadas a andar descalças, as solas
dos pés ásperas pelos passos de dança sobre as rochas
do chão, não sentem magoar o pés.
Um vento tão quente como brasas sopradas, agora curva
as árvores e faz os pavões e os macacos buscarem abrigo
nos corredores externos do templo, onde colunas de pedra
sustentam seus tetos.
O perfume dos defumadores se desmancha na atmosfera
levantada pelo calor e o vento que invade todos os ambientes.
As mãos se cruzam sobre os peitos, onde o
coração pulsa entre as mãos dos Devas: a entrega da alma
à Krishna, que sopra a Kundalini para o chakra entre os olhos.
O corpo se transforma numa transparencia de luz vermelha
onde até o ar impelido pelos sorvos da Yoga Sagrada, eleva
a atmosfera da Devoção ao Explendor da Massa Ignea Cristã.
A imersão na Devoção ao Cristo, nos retém, fazendo-nos nos
perdermos quase Infinitamente.... a volta ao Mundo Terra,
é como centenas de carruagens trazendo os deuses para a
consagração de uma unica Alma, no que Ela vale naquele
Momento Indescritivel...
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
PALACIO DA TRANQUILA LONGEVIDADE
Um Povo, como o chinźs, que construiu a Cidade
Proibida e um dos Palacios da Cidade, se chama
"Tranquila Longevidade", esse povo foi habitante
de uma Cidade muito maior do que a Cidade
Proibida.
Em algum lugar no Kosmos, entre brumas coloridas
e orvalho de ouro, existem almas cuja sensibilidade
capta uma energia que traz consigo a faculdade de
transformar a compacta atmosfera terrestre em
filosofia transcedental.
Transcedental, para que e em que? A Delicadeza
sutil no misticismo permanece para que seja
possivel captar a compreensćo e senti-la, a essencia
do Tao que tem tudo e nćo se caracteriza e assim
mesmo torna possivel Que Seja.
Essa Finura no Espirito, arte dos Deuses, Imortalidade
entre os humanos, faz com que se reverencie todos os
aspectos do Existir....
Palacio da Tranquila Longevidade... a Sabedoria
conduzindo a Dor, a Incapacidade, a Velhice, a Pré-
Morte...
Desse Mundo Cósmico, vźm os chineses que nascem
na Terra.
É uma parcela pequena de Sįbios, pois aos seus pés,
ainda que intuitivamente tenham em sua memória
essa atmosfera cósmica, o povo chinźs é capaz de
crueldades: hoje nćo existe mais, mas a dolorosa
deformaēćo dos pés das meninas, o comer-se de tudo,
como até os cćes, e mesmo os castigos que foram
feitos na Cidade Proibida por seus Imperadores e
a ultima Imperatriz, a que entrou ali com o nome de
Orquidea, e como esposa do Imperador, na viuvez,
herdou o Imperio.
A Cidade Cósmica continua, protegendo sempre as
almas que tendem um dia a se revelarem para ajudar
a Transiēćo da Humanidade que povoa a Terra.
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Paraiso Terreno
Na contemplação,
vamos nos desvencilhando de resquicios materiais;
- desatamos este e mais este cipó que se enreda
em nós e tem tanto de nós que nos é dificil de
nos desvencilharmos dele...
Para cada trecho da floresta terrena limpo, vemos
uma abertura em nossa consciencia que nos conduz
à uma zona astral com atmosfera dos encantados
Campos Elíseos.
É um pouco do Paraiso do Espirito que gozamos na
Terra.
O Céu está oculto na Terra em trechos que só os
"Extra Terrestres" vêm.
É uma "morte" maravilhosa... Quando morrermos,
será assim: ao lado dos campos espiritualizados,
correm trechos de baixo astral - das almas que se
debatem ignorando que bem perto delas, está uma
libertação do peso de suas consciencias.
A visita aos Mestres em que vivemos, saturando-nos
com sua essencia divinisada, é outra recompensa
que expande nosso Espirito.
clarisse
Abhaya Chaitanya - En Las Horas de Meditacion
Purifica tu mente! Purifica tu mente! Esto, ahora y para
siempre, es el significado único y total de la religión.
Desarrolla continuidad de pensamiento, conduciéndolo
por lo más elevado. Desarrolla más y más, la firmeza de
propósito. Y, entonces, nada ya te podrá resistir. Irás
hacia tu meta con la velocidad del águila. Oh, si pudiera
uno pensar a todo hora em el Altíssimo! Eso seria ya,
de por si, la Liberación.
Um tempo estranho
Almocei no largo que tinha restaurantes em prédios centenarios ou
milenarios.
Depois, procurei a casa de Goethe.
Não falo alemão, mas o homem que me atendeu na porta que dava
para o pátio ao lado da casa, conseguiu me fazer compreender
que a casa estava em obras e que eu não poderia entrar.
Uma chuva miuda, caracteristica de Frankfurt, caía naquela tarde.
Sem estar muito frio, caminhei até a estação do Uban e voltei de trem
para a casa onde estava hospedada em um quarto alugado.
Não conseguia concatenar as ocorrencias: a casa do Escritor fechada,
a chuva, o trem... porque voltara para a casa de hospedagem...
A Sequencia, é uma maneira de pensarmos. Primeiro uma coisa,
depois outra, outra... e era formado um acontecimento.
Me refugiei na alma e desmanchei toda aquela tarde - Goethe, meu
quarto, o restaurante...
Me recordei do uivo de um cão - fiquei com pena do animal e também
tentei desfazer o que ocorria com ele...
Me ocorreu: Você só pode transformar quando alcança a sublimidade do Espirito.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Figura Pequena
Somos os pequenos.
As vezes, em certos campos, como não é apropriado
sermos vistos, entramos pequenos.
Na Magia, não existe tamanho.
E as vezes muito longos, nos estágios acima da camada
terrena.
Os pequenos bonecos seguirão nossa vida quando deixarmos
a Terra.
Eles terão desfeito o seu grupo - virão aqui e os levarão para
longe uns dos outros.
Sei que manterão o magnetismo que os unia - sempre apelando
pelo que restou de vida minha neles - e os abandonarei porque nada
poderei fazer por eles.
Hoje recebi a boneca vinda da Inglaterra. Pode ser fabricação
chinesa, mas ela ja se sujeitou a mim, e uma fatia de minha
existencia ja está com ela.
Estranho horizonte - além da Vida e da Morte que nos separará
para sempre.
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