segunda-feira, 30 de março de 2009

VARANDA




Eu estou na rede, na varanda de minha casa.
Ao alto, os urubús voam seu vôo macio sob as nuvens, passando pelos
intervalos de céu azul.
Ha duzentos anos atrás, uma moça pobre, olhava os abutres indianos
no mesmo vôo sobre o Sul da India.
Um sadhu itinerante, que passava por Madurai, vendo a contemplação
da moça no céu, disse-lhe:
- Você não pode reter a paz do vôo das aves; nem transferi-la para o seu
interior - nem manter essa paz numa constante em sua alma.
A vida é mutável.
Descobrir o ponto sereno na constante mutação, zelar pelo ponto
sereno, enriquece-lo com o sopro do Espirito, ampliar o ponto
sereno até faze-lo permanente em sua alma, iluminando as
sombras que sua mente ainda não pode caçar com a rede de sua
evolução, esse é o objetivo da Vida.

A Eternidade sorriu ante o conselho do sadhu para a jovem de baixa
casta.
E nada mudou, no modo como eu contemplava o vôo macio dos urubús
sob as nuvens.

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