segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Flores sem vaso - CLARISSE DE OLIVEIRA

Flores sem vaso - CLARISSE DE OLIVEIRA

Flores sem vaso








As flores foram colhidas, mas, não havia vaso para coloca-las.
Ficaram sobre uma mesa de charão, esquecidas, no quarto velho do Lao.
Muitas Luas passaram pela janela vermelha, e muitos sóis também.
O vento do oeste veio fora da estação e danificou o jardim da entrada da casa.
O chinês que colhia jasmins para seca-los e perfumar os potes de chá, morrera.
Podia-se até dizer que a Lua envelhecera.
Podia-se também dizer, que a Paz desliza sobre as coisas velhas, mas não tem como as ressussitar.
A Filosofia, é sempre nova, mas se esquece de anotar nas páginas da alma.
O homem tem poder sobre o Futuro; porque ele compra o Espirito, com dinheiro que não conhece.
E ninguém, ninguém, um dia, abrirá o portão da casa vazia, verá as flores esquecidas, e procurará na casa um vaso para recupera-las, com água fresca do regato do jardim.

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