terça-feira, 24 de março de 2009

A Historia Secreta de Portugal - Antonio Telmo



A Historia Secreta de Portugal - Antonio Telmo



pg.49 - É o X a primeira letra do nome grego de Cristo e é o principio da iniciação. É a potencia da luz que se desenvolverá até o acto puro da visão perfeita em que a luz se vê a si própria, na exacta relação aristotélica do intelecto com o inteligivel. Do X se pode dizer que, enquanto primeira letra do nome divino, é o Verbo que está no principio e que o Evangelho de São João relaciona directamente com a Luz.
Todos os homens têm em si este X, esta incógnita ou este mistério pelo qual são e vivem. É a coisa próxima infinitamente distante. Em embora próxima, os homens não o conhecem. O homem não chega à consciencia dela sem uma rotura no sistema natural do ser, a que no Claustro se alude pela paixão e morte de Cristo.
Embora a palavra portuguesa luz pareça derivar do acusativo latino lucem (o nominativo é lux), a longa citação que vamos fazer de René Guénon permite aproxima-la da palavra hebraica Luz:
"Ha uma tradição judaica que se refere a uma cidade misteriosa chamada Luz. Este nome pertencia primitivamente ao lugar onde Jacob teve o sonho que o levou a designar tal lugar por Beith-El, isto é, "casa de Deus". A palavra Luz, além de significar o que há de profundamente interior e de mais escondido - o secreto e o inviolável - constitui também o nome dado a uma particula corporal incorruptivel ou indestrutivel, representada
simbolicamente pela forma de um osso muito duro ao qual a alma ficará ligada depois da morte e até à ressurreição. Assim como a semente contém o germen e o osso contém a medula, assim Luz contém os elementos necessários à restauração do ser.(...) É o ovo ou o embrião do Imortal; pode ser comparado à crisálida de onde emerge a borboleta.(...)
Luz situa-se na extremidade inferior da coluna vertebral; isto pode parecer esquisito, mas tornar-se-á claro referindo o que a tradição indiana diz sobre essa força chamada Kundalini que é uma forma de Shakti (= Shakinah), imanente no ser humano. Representa-se Kundalini como uma serpente enrolada sobre si própria, numa região do organismo subtil correspondente à extremidade inferior da coluna vertebral; acontece assim, pelo menos, no homem normal; todavia, por efeito de práticas tais como as do
Hatha-Yoga, a serpente acorda, desdobra-se e eleva-se através das rodas ou lotus, que
correspondem aos diversos plexos, até atingir a região do olho frontal de Shiva. Este estádio equivale à reintegração no "estado primordial" no qual o homem recupera o "sentido da eternidade", obtendo a imortalidade virtual. Permanece, todavia, no estado humano; numa fase ulterior Kundalini atinge por fim a coroa da cabeça, o que significa a defenitiva acessão aos graus superiores do ser".(*)
Foto da coroa da rainha Vitória.
(*) René Guénon, Le Roi du Monde, p. 65

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