sexta-feira, 14 de março de 2008


Sempre as Montanhas

O pai de Jade Vermelho, estava sério.
O pai de Jade Vermelho era genioso
e quando estava num de seus ataques
de mau gênio, era melhor ficar longe dele.
- Vou para as Montanhas, disse ele para a
filha.

Jade Vermelho, sabia o que fazer nessas
ocasiões... colheu pêssegos, amarrou-os
num xale azul de seda e entregou ao pai.

Quando Lao, o Velho, partiu, Jade ficou
contemplando as Montanhas.
Além daquelas montanhas, ficava o
Himalaia, o Tibet.
A mãe de Jade Vermelho morrera quando
ela tinha quatro anos.
Ela dissera ao pai:
- Vamos ao Tibet, um dia?
Sem mãe e outra mulher assídua para cuidar
dela, Jade Vermelho não tivera os pés amar-
rados - portanto, podia muito bem subir o
Himalaia.
Essa obsseção pelo Tibet, tornou-se a razão
de sua vida - o outro motivo para viver, era
cuidar do pai ranzinza.
Ela iria ficar só uns dias, até Lao voltar.
..........................
Uma certa manhã, ela despertou angustiada:
- algo como uma peça de estimação se que-
brara na casa - ela correu os comodos até
encontrar Lao dormindo na cama de junco
e almofadas:
- dormindo para o futuro, o longo e solitario
futuro sem Lao, que voltara, só para morrer
na casa dele.
.............................................
O sacerdote tibetano perguntou a Jade Vermelho
o que ela procurava no Tibet:
- Um mosteiro... quero ser monja no Budismo
Tibetano.
O monje levou-a à um Mosteiro - e deixou-a lá,
para muitas vidas, para a terra escura e seca
do Sul da India, o Tamil Nadu, para uma casa
grande e pobre num bairro da zona norte do
Rio de Janeiro, de onde Lao descia para a
alegre Ipanema, onde ele ia visitar a agora neta,
e levar-lhe como sempre, peras e balas de fruta.

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